Diário da Serra
Diário da Serra

SEU ZÉ ALÍPIO - Mestre de obras que deixou sua marca em Tangará

Lucélia Andrade/ Redação DS 11/04/2019 Memória

José Gabriel de Matos deu nome à Rua 6, no bairro Cidade Alta

Seu Zé Alípio, morreu com 81 anos 

José Gabriel de Matos construiu sua história em Tangará da Serra e a base de tudo foi areia, cimento e muito trabalho. Baiano, Seu Zé Alípio, como era carinhosamente chamado, nasceu no dia 19 de fevereiro de 1937, em Botuporã, na Bahia, e veio com a família para Tangará da Serra no dia 10 de julho de 1973. Aqui exerceu grandiosamente sua profissão de pedreiro. Casado com Aguida Maria de Oliveira Matos, Seu José Alípio é pai de seis filhos: Luiz Marcos, Adalto, Agda Angélica, Sandra Cristina, Bruno Henrique e José Maurício, avô de nove netos: Fabiana, Carol, Evelin, Elen, Eslaine, Mariana, Thais, Vinícius e Ana Júlia, bisavô de dez bisnetos, Vitor, Vitor Emanuel, Isabeli, Heloísa, Gustavo, Verônica, Vitor Hugo, Yuri, Ana Beatriz, José Arthur e Isadora, além de ter sido padrinho de 52 afilhados. 


“Quando chegamos a Tangará a cidade era só mato”, disse a viúva de Seu José, dona Aguida. Eles vieram em um caminhão de ‘pau de arara’ e ela conta que nem sabia o nome da cidade, foi descobrir o seu destino quando chegou em Nova Olímpia. “Não tinha água, nem luz muito menos asfalto. Era bem difícil”, relembra. 


A primeira casa de alvenaria em Tangará foi construída por ele, outras importantes obras como a igreja católica da Santa Terezinha, (inclusive a imagem de Nossa Senhora Aparecida), Hospital das Clínicas, antiga Prefeitura e o Terminal Rodoviário, também foram as primeiras construções de alvenaria feitas por seu Zé Alípio. A segunda, foi a casa da família, localizada na Rua 11 do bairro Vila Alta.  Esposo e pai dedicado, Seu Zé viveu 55 anos com dona Aguida, mesmo com as dificuldades enfrentadas no dia a dia, o amor e o respeito entre o casal davam força para seguirem em frente. E também não é para menos, ele foi o primeiro namorado de dona Aguida. Ela nasceu na Bahia, foi criada em São Paulo e tinha 14 anos de idade quando o conheceu. Muito jovem, o pai dela não permitiu o namoro antes da filha completar 17 anos. A espera então foi de três anos. Nesse tempo o casal namorava por carta. No dia 25 de junho de 1960, já completados os 17 anos, eles se casaram em Cristais Paulista.  Após o casamento eles saíram do interior e foram para a capital de São Paulo onde moraram lá por mais ou menos um ano. Logo, retornaram para Cristais Paulista onde ficaram por 2 anos.


A ideia de se mudar para Tangará da Serra, veio de um amigo da família, que dizia que aqui seria uma grande oportunidade de trabalho e crescimento. Mas dona Aguida não queria vir para a cidade não, ela até que tentou resistir, mas não teve jeito. “O povo antigo tinha esse negócio de obedecer o marido. Falei que não vinha, mas ele foi falar com meu pai que disse que depois que casa mulher não manda mais, só o marido. E se o marido fosse para debaixo da ponte, ela tinha que ir. O que eu ia dizer”, lembra. 


Café e conversa boa eram os hobbys do pioneiro 

A chegada em Tangará da Serra não trouxe somente trabalho, mas muitas amizades. Na época, Ramon Sanches Marques que era amigo de seu José Alípio, se uniram e construíram o primeiro campo de futebol da Vila Alta, onde atualmente é a Escola Ramon Sanches Marques. 


Seu Zé Alípio tinha como hobby jogar truco e tomar um cafézinho com seus companheiros nas tardes de domingo. Além de ir à feira da Vila Alta, que era na rua da sua casa, bater um bom papo e levar os netos para comer pastel e tomar caldo de cana.


Seu Zé e sua esposa, tiveram uma importante colaboração com a fundação da comunidade Santa Terezinha. Sempre participando ativamente das atividades da igreja como lareira, grupos de orações, terços, bem como a presença em  missas dominicais,  o casal dava exemplo aos filhos e netos de sua fé e trabalho, em prol da comunidade e do próximo.


Saúde começa a ficar debilitada 

Incansável trabalhador, a saúde de seu José Alípio começou a ficar debilitada.  Por volta dos anos 80, ele descobriu que tinha diabetes. Na época não havia tratamento na cidade. Ele precisou vender um terreno para que pudesse fazer o tratamento em Guiratinga. No ano de 2010, com problema cardíacos, o mestre de obras precisou colocar uma ponte de safena. Contudo, durante a cirurgia, houve complicações e seu José Alípio perdeu a visão. Nem a situação que encontrava sua saúde, tirou o bom humor do pioneiro. Ele dizia que enxergava sim, mas somente nota de R$ 100 e mulher bonita. “Ele dizia que conseguia me ver, então eu era bonita”, brinca a viúva. Os anos se passaram, e a saúde foi ficando cada vez mais frágil. Seu José Alípio, morreu no dia 5 de agosto de 2015.

E por toda a sua contribuição a Tangará da Serra, a Rua 6, no bairro  Cidade Alta, agora é a Rua José Gabriel de Matos.



Diário da Serra

Notícias da editoria