Milton Bellincanta, no entanto, pagou apenas R$ 1,9 milhão, conforme denúncia do Ministério Público
O ex-governador Silval Barbosa exigiu uma propina de R$ 8 milhões do empresário Milton Bellincanta para conceder incentivos fiscais às suas empresas, a Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos (Frialto) e Nortão Industrial de Alimentos.
O empresário, porém, argumentou que o valor era muito alto e não tinha condições de pagar. Após negociações, conseguiu uma redução do valor para R$ 5,6 milhões.
Desse total, no entanto, Bellincanta pagou apenas R$ 1,9 milhão. Por conta disso, recebeu várias cobranças do ex-governador para quitar o valor remanescente, de R$ 3,6 milhões.
A informação consta na denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra Silval, Bellincanta, Antonio Barbosa (irmão de Silval) e os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cursi pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Também foi denunciado o procurador aposentado do Estado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”.
Reunião
De acordo com a denúncia, Milton Bellincanta revelou que após uma reunião com Silval Barbosa e os demais denunciados no Palácio Paiaguás, onde foi firmado o contrato para a concessão dos incentivos fiscais, foi surpreendido com a solicitação do pagamento de vantagem indevida no valor de R$ 8 milhões.
Segundo o empresário, Silval afirmou na ocasião que o valor seria destinado aos membros do Governo que estavam auxiliando na concessão dos incentivos, ou seja, Marcel de Cursi, Francisco Lima e Pedro Nadaf.
Após negociações, o valor da propina, conforme o MPE, foi reduzido para R$ 5,6 milhões.
“Assim, ante a concordância do empresário em realizar o referido pagamento, o denunciado Silval Barbosa chamou o denunciado Pedro Nadaf em seu gabinete e lhe informou, que o empresário devia-lhe a importância de R$ 5,6 milhões e que, portanto, providenciasse a forma de recebimento”, diz trecho do documento.
“Em seguida, o empresário acompanhou Pedro Nadaf até seu gabinete na Casa Civil, local onde ajustaram que o pagamento da vantagem indevida solicitada se daria no período de 12 meses, portanto, extrapolando inclusive o término do mandato de Silval Barbosa”, completa o documento.
Segundo a denúncia, até dezembro de 2014, o empresário pagou R$ 1,9 milhão de propinas para o grupo criminoso.
Ele deixou de quitar o restante, conforme o MPE, porque, em janeiro de 2015, já no Governo Pedro Taques, a Procuradoria-Geral do Estado de Mato Grosso ingressou com Ação Declaratória de Nulidade de Ato Jurídico para buscar a anulação judicial do acordo celebrado.