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Pra quê dia da consciência negra professor?

Profª Adriana Palhana Moreira 18/11/2019 Artigos

As pesquisas ainda apontam para uma enorme desigualdade social que atingem os negros

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Pra quê dia da consciência negra?
Esta é uma pergunta que o grupo de professores e pesquisadores sociais ainda ouvem com frequência e certo “sarcasmo”. Lamentavelmente sim, sim temos que ter um dia para refletirmos sobre a consciência negra, que na realidade não se trata apenas de consciência negra, se trata de consciência humana, momento para se refletir quanto às práticas que se constituíram ao longo da história de repressão ao “outro” em nome do capital, do lucro, do enriquecimento de uma elite eurocentrada, excludente e racista. Mas, o caso em voga ainda se trata da marginalização de um grupo especifico que são os negros afrodescendentes. A questão racial no Brasil ainda se constitui em uma temática bastante ampla, complexa e problematizadora. Por isso ainda se faz necessário o dia 20 de novembro como momento de repensar as praticas políticas, sociais, culturais e econômicas que afetam os negros e afrodescendentes no Brasil. A escola é um espaço que se constrói muitas praticas e ações, diante disso a sala de aula, se transforma em um ambiente a ser utilizado pelos professores para a desconstrução de determinadas praticas e ações, uma vez que a escola se constitui em um dos espaços da formação de identidade social.  Esse debate faz-se necessário uma vez que continuamos a reproduzir a ideologia eurocêntrica construída em meio a mais de três séculos de exploração da mão de obra escrava negra, ainda reproduzimos e construímos  manifestações de preconceito, discriminação e racismo. Mas, de onde vem estas manifestações? Estas manifestações são construídas ao longo do tempo, em diferentes espaços, e a sala de aula no cotidiano das práticas pedagógicos do professor, se constitui em um desses espaços, no sentido que muitas vezes um dos recursos mais utilizado pelo professor,  o livro didático,  é carregado de estereótipos acerca da figura do negro na constituição da sociedade brasileira. E, analisando a minha pratica em sala de aula, comecei a problematizar a questão. De que forma o negro está sendo representado nas páginas do livro didático? A questão negra e afrodescendente  no Brasil possui um histórico de lutas e resistências até sua constituição de direitos, que a muitos ainda são negados. As pesquisas ainda apontam para uma enorme desigualdade social que atingem os negros. Diante disso, pensar e discutir sobre a representação do negro nos livros didáticos é de grande importância, uma vez que temos legislações  que visam a construção de uma imagem diferenciada da que foi construída ao longo do tempo (Lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio que foi alterada pela 11.645/08 a qual estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”). Com o desenvolvimento de políticas públicas destinadas a reparar as desigualdades sejam elas políticas, culturais, sociais ou econômicas, o negro tem assumido um novo lugar no tempo e no espaço, ou continua relegado aos porões da casa grande? Neste dia 20 de novembro a luz do século XXI, necessitamos refletir sobre nossas praticas enquanto professores, que em muito pouco fazemos para contribuir para a escrita de uma outra versão da história. O uso do material didático pelo professor deve ser problematizado, questionado e olhado com desconfiança uma vez que se trata de um produto cultural elaboração para comercialização. Em muito os materiais didáticos chegam nas escolas com visões distorcidas, com verdades pré estabelecidas, diante disso a figura do professor se torna peça fundamental na luta contra ideologias excludentes, racistas e discriminatórias.

Profª Adriana Palhana Moreira
Docente da Educação Básica.
Professora de História (CEJA - Antonio Casagrande - SEDUC - MT)
Professora Pedagoga rede Municipal de Ensino Tangará da Serra - SEMEC.
Licenciada em História pela Unic.
Licenciada em Pedagogia pela Uniserra.
Mestranda em Ensino de História pelo PROFHISTÓRIA - UFMT.

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