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Como lidar com ansiedade em casa diante do coronavírus

Cléia Cristina de Matos Macêdo 20/03/2020 Artigos

A primeira coisa a deixar claro, é que experimentar sintomas de ansiedade e pânico em uma situação de pandemia é completamente normal

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Com a chegada do coronavirus fomos forçados a nos adaptar a um contexto de pânico e alarmismo no nosso dia a dia, o que gera ansiedade e uma situação desconfortável de ficar em casa, já que essa parece ser a solução preventiva mais eficaz.


Para muitos, isso significa uma fuga quase apocalíptica que é vivida na rua, mas para outros, ficar em casa é sinônimo de confinamento, e, claro, motivo de Ansiedade e desânimo.
 

A primeira coisa a deixar claro, é que experimentar sintomas de ansiedade e pânico em uma situação de pandemia é completamente normal.
 

Não, você não está louco por comer suas unhas, sentir taquicardia ou falta de ar. Esses e outros sintomas associados ao pânico aparecem em situações em que nos sentimos ameaçados, e nossa liberdade e segurança estão comprometidas.
 

Agora, o que não é normal é deixar-nos consumir por esses sentimentos, assim como não é normal permitir que a ansiedade e desânimo fique no caminho de ficar em casa. Que esta situação não seja uma desculpa para colocar para fora atividades produtivas. Pelo contrário, vamos tomar esta situação como uma oportunidade de nos concentrarmos em nós mesmos, melhorar e aprender. Como vamos fazer isso? As seguintes informações visam o enfrentamento da ansiedade e de lazer.
 

1. Em primeiro lugar, respire
 

Uma mente dispersa não está em capacidade de tomar boas decisões, então precisamos nos acalmar antes de começar a agir. Se você sentir a ansiedade tomando conta de você e nublar seu pensamento, deite-se e respire fundo, inspire e expire lentamente. Uma vez que você se sinta mais calmo, beba água e coloque música relaxante, como sons ambientes.
 

2. Diga não à superinformação
 

Não há necessidade de estar ciente do número de coronavírus infectados em cada país do mundo, nem da taxa de óbitos, ou quantos novos casos relatados houve em tal cidade. A superinformação é um poderoso gatilho de ansiedade, porque inunda o pensamento de crenças distorcidas e fatalistas. Evite programas de televisão sensacionalistas e mídias sociais, para que você não traga nada para os outros ou para si mesmo.
 

3. Matenha-se ocupados
 

A ansiedade de confinamento surge do lazer, do tédio e do desânimo, razão pela qual é de extrema importância nos marter ocupados em atividades produtivas. Aprenda novos negócios e habilidades através de tutoriais online, estudos acumulados, assista filmes e séries, faça exercícios em casa, experimente novas receitas de culinária, monte quebra-cabeça, entre outras atividades divertidas que você pode realizar em casa.
 

4. Mude sua mentalidade: não é confinamento, é proteção
 

Transformar o pensamento negativo de “estou preso, me sinto em uma prisão” em pensamento positivo como:“Fico em casa par ame proteger e aos outros”, é necessário evitar mais contãgio”. Lembre-se que o problema não é a situação, mas como percebemos a situação. Nossa forma de ver e interpretar a pandemia deve ser focada na necessidade de prevenção para um bem comum que nos beneficie a longo prazo.
 

5. Redes de suporte são essenciais
 

Um bom uso que você pode dar à tecnologia é se conectar com suas redes de suporte próximas (amigos, familiares, colegas de trabalho). Diga a eles como você se sente em casa, e recomende que eles façam o mesmo, peça que assista a um filme ou algo do gênero, fale sobre projetos futuros. É importante manter a conexão externa da quarentena de maneira saudável.
 

6. Se há pequenos em casa, você deve fazer da casa um lugar divertido
 

Os jogos em família são muito úteis nessas situações, pois cumprem dupla função, divertem a família e também mantén os pais (re) conectados como nosso colega psicólogo Euller Sacramento sempre trás para todos nós, sem falar, de materem ocupados, canalizando a grande energia da infância. Os pais podem até usar jogos de bonecos, fazendo teatro, representando a própria família. Vamos lembrar que as crianças têm dificuldades em entender conceitos abstratos com “pandemia” e “quarentena”, de modo que através de um jogo em que um dos personagens assume o papel do vírus, e outros personagens assumem o papel de cidadãos, o protocolo de prevenção pode ser explicado à criança. Dessa forma, eles são viáveis para entender por que eles devem ficar em casa.
 

7. Se tem idoso em casa, como devo proceder?
 

Minha recomendação para os idosos sempre foi ampliar o convívio social, mas em tempos de COVID-19, principalmente os idosos, precisam ficar em isolamento social por serem grupo de risco.
Minha primeira dica é aproveitar esse tempo para conviver, pois temos nosso dia a dia tão corrido que já quase não conversamos ou paramos para ouvir aquelas histórias, que já até sabemos de cor, mas que para o idoso é muito prazeroso recontar. -Podemos fazer perguntas para estimular a contar outras histórias também. -Podemos pegar aquele álbum de fotos antigas que está guardado para rever juntos. -Você pode imprimir imagens específicas como por exemplo telefone e conforme for sorteando e tirando as imagens de uma caixa pedir que conte quando o idoso teve seu primeiro telefone. Sugestão de imagens: telefone, fusca, geladeira, bolo de 15 anos, baile de carnaval, anel de noivado... Entre outras atividades.

 

8. Finalmente, ajude quem puder
 

O altruismo é vital em um contexto pandêmico, oferecendo seus serviços pela internet para quem precisar. Por exemplo, os profissionais de saúde podem orientar e aconselhar aqueles que têm dúvidas específicas e não podem sair de casa para resolve-las. Estamos todos juntos nisso, e somente com responsabilidade e consciência cidadã podemos sair dessa situação de forma ideal e eficaz.
 

Cléia Cristina de Matos Macêdo
Psicóloga clínica e Neuropsicóloga



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