Para minimizar efeitos, pleito é por reabertura dos estabelecimentos em Mato Grosso
A presidente da Associação de Bares e Restaurantes em Mato Grosso (Abrasel-MT), Lorenna Bezerra, prevê que muitas empresas do setor não suportarão o momento econômico e acabarão falindo, diante da crise provocada pelo coronavírus.
“O ano de 2020 apresentava indícios de baixa econômica. Com o efeito coronavírus, a economia despencou. Muitos não suportarão, infelizmente. E mesmo negociando com fornecedores e funcionários, veremos velórios de vários CNPJs”, previu.
Mesmo diante do cenário adverso ao setor, a presidente da Abrasel-MT revela que vem trabalhando junto às esferas municipais e estadual para a reabertura e retorno do atendimento ao público no dia 06 de abril, de forma cautelosa e cumprindo todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Lembrando que mesmo operando com delivery a conta não fecha. O delivery é apenas um complemento, não sustenta operação de um restaurante”, reforçou Lorenna.
Confira principais trechos da entrevista:
MidiaNews - Qual o panorama atual do setor com essa pandemia?
Lorenna Bezerra - O setor de alimentação foi um dos primeiros a sentir os impactos econômicos. Logo no começo observamos a inviabilidade do funcionamento de algumas operações como casas noturnas, que espontaneamente fecharam suas portas. Do dia 23 de março a 05 de abril o atendimento ao público está 100% interrompido, sendo permitido somente entregas ou retiradas no local.
MidiaNews - Como avalia essa medida de fechamento dos estabelecimentos?
Lorenna Bezerra - Prudente, necessária e de comum acordo com o setor. Com o controle da curva podemos planejar os próximos passos. O mais importante no momento é conter a pandemia e para isso o fechamento do setor foi necessário.
MidiaNews - O governador Mauro Mendes teme uma possível "quebradeira" da economia local. Como avalia essa situação?
Lorenna Bezerra - Estamos diante de uma enorme retração e estamos todos sentindo a duras penas. Nas primeiras semanas o movimento dos bares e restaurantes já apresentava queda de 70%.
MidiaNews - Até quando o setor suporta essa restrição?
Lorenna Bezerra - Estamos trabalhando junto às esferas municipais e estadual, com o intuito de planejar o retorno do atendimento ao público no dia 6 de abril, de forma cautelosa, a fim de amenizar os impactos econômicos e oferecer um ambiente seguro para o consumidor, reforçando as boas práticas, como uso de álcool gel 70% e afastamento entre as mesas com distância de 2 metros. O ano de 2020 apresentava indícios de baixa econômica. Com o efeito coronavírus, a economia despencou. Muitos não suportarão, infelizmente. E mesmo negociando com fornecedores e funcionários, veremos velórios de vários CNPJs.
MidiaNews - Como ficou a situação dos funcionários. Existe previsão de demissões?
Lorenna Bezerra - Embora os funcionários sejam nossa prioridade, com o direcionamento econômico atual e a queda do movimento, dispensar funcionários será inevitável. Na primeira semana, o setor acumulava 907 demissões entre os associados. Não estamos olhando para lucro, aluguel e fornecedores, nossa prioridade sempre foi nossos funcionários
MidiaNews - Hoje estima quantos estabelecimentos aderiram ao delivery?
Lorenna Bezerra - Posso falar somente pelos restaurantes associados. Desses, apenas 11 operaram na semana passada e percebo uma movimentação para retorno de outras para o início da semana que vem. Lembrando que mesmo operando com delivery a conta não fecha. O delivery é apenas um complemento, não sustenta operação de um restaurante.
MidiaNews - O setor pensa em cobrar o Governo Federal algum tipo de compensação?
Lorenna Bezerra - Estamos trabalhando nesse sentido. Nosso presidente Paulo Solmucci, da Abrasel Nacional, esteve com o presidente Jair Bolsonaro, que garantiu medidas para conter as perdas no setor. Estamos apreensivos por conta desse impasse, pois até então o presidente não se posicionou. A proposta nacional, inclusive, inclui o pagamento de uma espécie de bolsa aos três milhões de trabalhadores de bares e restaurantes durante os próximos três meses.