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Site da capital denuncia que prefeito fecha contrato de mais de R$ 3,5 milhões com “faculdade de Papel”

VG Notícias 30/06/2020 Saúde

A reportagem esteve in loco no Hospital, conversou com o administrador, que afirmou que nunca funcionou nenhuma faculdade nas dependências do São Lucas

Saúde

O prefeito de Tangará da Serra, Fábio Junqueira (MDB) contratou, por meio de dispensa de licitação, a FAMVAG S/A Faculdade de Medicina de Várzea Grande, pelo valor total de R$ 3,5 milhões, por um período de 120 dias, para prestação de serviços de recursos humanos para atendimento em casos da Covid-19.

 
A reportagem teve acesso ao contrato firmado entre a FAMVAG e a Prefeitura, porém, não consta em nenhuma cláusula que tipo e quantidade de profissionais a empresa terá que fornecer.  Clique Aqui e confira o contrato na íntegra.  

 

Segundo os sócios da FAMVAG, Alfredo Almerindo Monteiro Júnior e o ortopedista Allan Wallace Caetano, a empresa atende apenas o Hospital Municipal de Tangará da Serra, com profissionais na enfermaria e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), contudo, não souberam precisar a quantidade de profissionais. Allan disse cerca de 80 e Alfredo afirmou que seria cerca de 100 profissionais entre fisioterapeuta, técnicos em enfermagem, enfermeiros, maqueiros e médicos.
 

Porém, o que chama atenção, é que é uma faculdade de 'papel', pois o endereço que consta, anexo ao Hospital São Lucas, à rua Espírito Santo, no bairro Nova Várzea Grande, em Várzea Grande, nunca existiu.  
 

A reportagem esteve in loco no Hospital, conversou com o administrador Samuel Ribeiro, que mostrou toda estrutura da unidade de saúde - e afirmou categoricamente que nunca funcionou nenhuma faculdade nas dependências do São Lucas - e que irá comunicar a Junta Comercial a não existência da FAMVAG no endereço.  
 

O vgnoticias entrou em contato com o secretário de Saúde de Tangará da Serra, Sérgio Scheffer, que se recusou a falar sobre o contrato - e disse para falar com a Comunicação. Já o assessor de Comunicação da Prefeitura, Diego Soares, afirmou que teria que conversar com o secretário de Saúde, e somente quando ele (secretário) passasse os dados poderia informar, mas não soube dizer para quando. E até o fechamento da matéria nenhum dos dois retornaram.  
 

A reportagem ainda ligou para o prefeito Fábio Junqueira, mandou mensagem por meio do WhatsApp falando que precisaria checar as informações – mas ele também não atendeu e não retornou as diversas tentativas.  
 

A reportagem conversou com dois, dos três sócios da FAMVAG, Alfredo Almerindo Monteiro Júnior e o ortopedista Allan Wallace Caetano, que admitiram que apenas o endereço consta como anexo ao Hospital São Lucas, porque em 2017, quando a empresa foi aberta, eles teriam arrendado o hospital, mas não houve continuidade. Contudo, a versão dos sócios é desmentida pelo médico Hilton Taques, um dos donos do São Lucas.  
 

Segundo ele, Alfredo é “mentiroso”, o contrato de arrendamento nunca existiu e tampouco foi registrado em cartório. “Tudo que este Alfredo faz é mentir e apresentar contrato rasurado, sem assinatura. Ele usou isso para criar este empresa. Mas nunca foi dono do Hospital São Lucas, é mentiroso”, disse.  
 

Apesar dos sócios da FAMVAG afirmarem que a empresa irá fornecer entre 80 a 100 profissionais de saúde, o Laudo Pericial realizado por determinação judicial, apontou que no quesito equipe de enfermagem e demais equipes paramédicas, o hospital está bem atendido, porém, a deficiência na equipe médica inviabiliza o início de funcionamento da UTI, pela ausência de profissionais com Registro de especialidade em Medicina Intensiva no CRM quando, no mínimo, deveria ter dois.  
 

Consta do laudo, que o médico Alan Wallace Caetano, representante da FAMVAG, afirmou, no início da perícia, que havia um médico intensivista contratado como Responsável Técnico, mas não apresentou o nome na lista de médicos contratados. Ao final, afirmou estar em negociação para a contratação de mais dois Intensivistas. O médico relacionado com Intensivista não apresenta Registro de Qualificação de Especialista, no Conselho Regional de Medicina (CRM).
 

Ainda, conforme o laudo, os responsáveis pela equipe de Enfermagem da UTI e do Hospital Municipal foram quem mais forneceram as informações necessárias devido à ausência do médico Responsável Técnico da UTI.



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