A regra é da casa e não da mamãe ou do papai, desta forma não haverá a chata que sempre proíbe e o legal que tudo permite
Ano passado estava numa festa de aniversário infantil, na mesa havia um casal que me convidou para sentar, logo percebi que conversavam acintosamente e aproveitaram para me colocar a par da conversa. Ao sentar-me percebi, a mãe “pistola” (furiosa) e o pai rindo à toa todo orgulhoso.
Tudo começou quando o filho (4 anos) disse à mãe que ela era uma chata e o pai legal. A mãe, que acorda cedo, limpa, lava, passa, trabalha fora, cuida, ama, faz mimo, briga um pouco, corrige, impõe regras e ainda ser chamada de chata? Quanta injustiça! Ainda mais num domingo onde só queria acordar mais tarde.
Enquanto isso o filho acorda mais cedo e fica com o pai brincando muito, a mãe ao acordar encontra a casa virada no “Zevetéu”, bagunçada e desorganizada. O pai e a criança feliz da vida, rindo à toa e fortalecendo a conexão. Quem ficará responsável por organizar a bagunça? Quem?
A regra é da casa e não da mamãe ou do papai, desta forma não haverá a chata que sempre proíbe e o legal que tudo permite
A mãe chata, ou seja, o pai brinca muito com o filho, não limpa, nem organiza a bagunça, não o faz limpar e está tudo bem. A mãe acorda, vê a zona, vira um Jiraya e sai gritando com todo mundo, é pai, filho, brinquedo, paredes, cachorro, papagaio, periquito, furiosa, pois, todo o serviço intenso na organização da casa durante a semana foi por água abaixo e no fim ainda diz: o papai “é mó legalzão” e a mamãe é a “chata que só briga” Não à toa ela estava “pistola” quando me sentei à mesa.
Já aconteceu com vocês? Normalmente é a mulher que ocupa este lugar, de cobrar as regras. O pai até faz, mas quando a coisa já está no limite e quando faz. As regras da casa devem ser elaboradas pelos adultos, com participação das crianças.
Quando pais e filhos sentam para definir regras da casa, elas são da casa e não: olha a sua mãe vai brigar se fizer isso ou aquilo. Olha seu pai já está chegando ou, se fizer isso vou contar tudo para o seu pai/mãe quando ele(a) chegar e acabam atribuindo a situação ao outro.
Se existem regras na casa (e elas devem existir), estas precisam ser cumpridas, do contrário, não atribua ao outro o papel de se fazer cumprir. Elas precisam ser cumpridas, pois foi definido e combinado por todos, não porque o papai ou a mamãe vai chegar e tem que ser feito.
Se a regra é guardar, limpar ou sei lá o que após brincar, que se cumpra e caso seja descumprida quando estiver com o pai, este é responsável por mostrar, ensinar e/ou corrigir a criança e caso seja a mãe, também, mas é importante que sejam corrigidas, pois, a regra é da casa e não da mamãe ou do papai, desta forma não haverá a chata que sempre proíbe e o legal que tudo permite.
Euller Sacramento é psicólogo, especialista em (re)conectar pais e filhos emocionalmente na Imaginare Clínica Integrada em Tangará da Serra-MT.
Instagram: @eullersacramento