Quando se tem um bebê os dias são mais longos, as noites mais curtas, as semanas mais intensas
Na véspera do último Natal eu comentei com minha esposa: "Se o Théo fosse o primeiro filho a gente não teria outro". Ela disse: "Você está ficando velho". Eu acenei com a cabeça. Ela sorriu.
Quem ainda não foi ou não é pai/mãe ainda, não conhece seu limite físico e mental, sério, não conhece, ainda. Somos levados ao limite diariamente, e em todas as fases de criação.
Quando se tem um bebê os dias são mais longos, as noites mais curtas, as semanas mais intensas, num dia a gente acha que não vai dar conta, no dia seguinte tem certeza. A coluna dói, o joelho estala, você não sente os braços e ombros, espera aí já volto – (pausa), ele começou a chorar e eu tenho que descobri porquê. Será que já tomei meu Dorflex hoje?
Eu criei um radar paterno, em todo local que chegamos eu fico monitorando outros casais e seus filhos, em comparação parece que sempre os bebês (dos outros) estão calmos, comportados, em paz, em comparação com meu furacão que não senta para comer, que dorme a noite toda, mas não dorme nada durante o dia, que se irrita quando tem sono, que fica bravo quando você tem que trocar as fraldas ou a roupa, que pula da cama, coloca o dedo no ventilador, que cospe o remédio.
Mania que o ser humano tem de comparar e de ver o lado difícil das coisas, manias de velho, tô ficando... mas independente da sua dor, filhos são sempre remédio! E te tiram do tédio e monotonia dos dias, colorem a vida e mostram quão forte você é, e nem percebe.
Recorrentemente ouço sobre o dia de nascimento do filho como o melhor dia da vida de qualquer pai ou mãe, ele nasceu e eu renasci, mas é assim mesmo, descobrimos sentimentos e intensificamos outros, que antagonismo com o parágrafo mais acima. Ser pai é isso!
Hoje o Théo faz 1 ano e 7 meses, vejo todos os dias o vigor da vida, ele já faz coreografias, corre na velocidade 5, tropeça o dia todo, sobe em tudo, balbucia várias palavras, grita e chora muito alto, come de tudo (menos pedra), imita animais como ninguém e a algum tempo começou a falar papai, cara ele já fala PAPAI, na verdade ele grita, tudo é lindo, ele acordando, ele dormindo, tudo, nessas horas eu só lamento dos dias que não estive por perto, agradeço os sentimentos intensos que me causa!
Parabéns meu dinossauro e desculpe seu velho e rabugento pai, eu ainda tô apreendendo, eu ainda tô, tô... Ow Paty, você viu a cartela do Dorflex? Não achei. Segura um pouco o Théo aqui, vou ter que ir na farmácia, comprar uma cartela e medir minha pressão, preciso.
Lévender Mattos – Xômano de VG. Pai do focado Gabriel, do curioso Enzo e do intenso Théo. Casado com Patrícia Fernanda “Fada”. Escreve como passatempo e terapia, e quando sobra tempo. IG @levender_mattos. Idealizador da página @paiterapia.