Os perigos do trecho da MT-480 na serra de Deciolândia são maiores que se possa imaginar. Com sinais evidentes de erosão e com a aproximação do novo período chuvoso, é grande o risco de deslizamentos e, por consequência, rompimento do talude que sustenta o traçado da rodovia naquele trecho.
O alerta é do engenheiro civil Silvio Tupinambá, que esteve no local acompanhado de representantes da Associação de Produtores de Deciolândia, entidade que mantém parceria com o governo do Estado para manutenção da rodovia. Tupinambá constatou vários problemas de ordem técnica que, segundo ele, representam sérios riscos à estabilidade do talude. “Está pedindo para desabar. É uma tragédia anunciada. As condições do local são precárias em termos de drenagem e hidrossemeadura”, adverte.
De acordo com Silvio Tupinambá, o perigo reside principalmente no período chuvoso, em casos de precipitações pluviométricas volumosas, o que é normal na região nos meses de dezembro a março. O engenheiro explica que o talude na serra de Deciolândia é uma estrutura natural que recebeu curvas de nível durante as obras. Porém, para que a estrutura tenha estabilidade é preciso um sistema eficiente de drenagem e, também, vegetação. Este último quesito é proporcionado pela hidrossemeadura, que é uma técnica que compreende aplicação hidromecânica com jato de alta pressão de um conjunto composto basicamente por fertilizantes, material adesivo, sementes e água.
Vale lembrar que o solo no local é basicamente arenito, de baixa capacidade de absorção, o que permite que a água de precipitações adquira velocidade, resultando, por consequência, em grandes erosões.
A redação também apurou que o governo estadual tem ciência do problema. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura (SINFRA-MT), o governo promove um replanejamento para a retomada e restauração de obras em rodovias, o que inclui o próprio convênio com a Associação de Produtores.
De acordo com a pasta, a retomada dos trabalhos também depende de disponibilidade orçamentária. Por outro lado, há a informação de que o Estado já teria em caixa cerca de R$ 300 milhões oriundos do FRTHAB para investimentos em estradas.
A assessoria da SINFRA-MT prometeu, ainda hoje, dar um retorno à redação sobre as providências relacionadas ao problema da serra de Deciolândia.