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Em livro, professora aborda relações entre animais e humanos nas cidades

Assessoria Unemat 16/07/2019 Educação

Durante quatro anos, ela monitorou a ocorrência de animais em Cuiabá

Animais e Fronteiras

Amor, afeto, proteção, companheirismo, mas também descaso, indiferença e até violência. Quantas realidades se escondem por trás das relações entre animais humanos e não humanos no cotidiano de uma grande cidade? Esta foi a pergunta que guiou uma pesquisa realizada pela professora Eveline Teixeira Baptistella, professora do curso de jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). 


Durante quatro anos, ela monitorou a ocorrência de animais na cidade de Cuiabá, e os tipos de relações desenvolvidos entre eles e os humanos. Encontrou as mais diferentes situações que levaram a uma constatação: ainda temos muito que avançar para garantir melhores condições de vida às outras espécies. 


Em Cuiabá, a pesquisadora, que atua na área de estudos de Comunicação e Cultura, encontrou desde animais de estimação que recebiam todo tipo de mimos e carinhos até o extremo oposto, cães e gatos abandonados, cujas vidas eram postas a prêmio por perturbarem os humanos. “No fim, o afeto do humano é sempre o que decide o destino do animal. Aqueles que contam com a proteção de algum humano conseguem sobreviver. Do contrário, enfrentam as piores condições e até mesmo a morte”, reflete.


A pesquisa resultou no livro “Animais e Fronteiras: um estudo sobre as relações entre animais humanos e não humanos”, que traz alguns dos episódios mais marcantes encontrados durante a pesquisa – como a história do cachorro vítima de maus tratos que foi adotado e, ao lado da tutora, conquistou avanços no tratamento da leishmaniose visceral canina no Brasil.


O trabalho também trata dos conflitos entre espécies, e reflete sobre como o movimento de proteção animal se articula para garantir mais direitos aos animais. Outro ponto interessante da pesquisa foram os inúmeros registros de animais silvestres no ambiente urbano da capital de Mato Grosso. Araras vermelhas e Canindé, tucanos, tuiuiús, jiboias, jacarés, diferentes tipos de símios e até grandes mamíferos como cervos e capivaras vivem hoje na cidade. “É um fenômeno recorrente em diversos pontos do mundo, que chamamos de auto-domesticação. Sem seus habitats originais, estes animais estão se acostumando a viver nas cidades, habituando-se à proximidade e, até mesmo, ao contato dos humanos. Este foi um ponto bastante preocupante, pois os animais são muito exibidos em vídeos e fotos, mas não há nenhuma preocupação em relação ao sofrimento e condições de vida precárias que enfrentam”, ressalta Eveline.



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