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PF garante que ex-senador de MT não é investigado em esquema de propina para fiscais

Folhamax 02/10/2019 Polícia

Empresa de Cidinho Santos foi alvo de busca e apreensão nesta terça-feira

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O delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, que comanda a quarta fase da Operação Carne Fraca, disse em entrevista ao Jornal Hoje, da TV Globo, que o ex-senador Cidinho Santos (PL-MT) não está sendo diretamente investigado. A operação deflagrada nesta terça-feira (01) pela PF e o Ministério Público Federal (MPF) investiga pagamentos de R$ 19 milhões feitos pela empresa BRF a pelo menos 60 fiscais agropecuários.

 

A empresa União Avícola, ligada a Cidinho Campos, aparece nas investigações e durante esta fase da Operação Carne fraca foram cumpridos mandados de busca e apreensão na companhia, que faz o processamento de frangos. Segundo o delegado, a BRF firmou um convênio com a empresa que realizava os pagamentos aos fiscais e depois acertava as contas com o grupo BRF.

 

O ex-servidor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Davy Marcelo de Matos Gregório, seria o fiscal que teria recebido propina do frigorífico ligado a Cidinho. Entretanto, o delegado disse que Cidinho não está sendo investigado.

 

Atualmente, o ex-servidor do Mapa trabalha na BRF. “O proprietário não é investigado diretamente. Nosso caso é saber quem pagava dentro do grupo União Avícola, como que funcionava isso lá dentro. Então essa informação é quem dentro desta empresa é o responsável. Quem tinha conhecimento destes fatos e para quantos pagaram”, explicou o delegado Maurício Grillo.

 

Em nota, Cidinho Campos e a União Avícola se colocaram à disposição da Justiça para o esclarecimento dos fatos e que o fiscal agropecuário que teria recebido as vantagens indevidas nunca trabalhou ou foi responsável pela inspeção na empresa. Conforme apontam as investigações, os valores referentes à propina eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e até mesmo por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais.

 

De acordo com o Ministério Público Federal, os fiscais tinham seus planos de saúde, assim como de seus dependentes, custeados pela companhia. Esta fase da operação está baseada em colaboração espontânea do Grupo BRF, que admitiu o pagamento de propina.

 

A empresa teria fornecido documentos e informações que estão ajudando a PF nas investigações. De acordo com o delegado, após as mudanças no comando da empresa realizadas após a deflagração da 3ª fase da operação, em março de 2018, foi realizado um esforço de recuperação de provas do pagamento de vantagens indevidas em plantas da companhia. 

 

Na 3ª fase, o ex-presidente da empresa, Pedro de Andrade Faria, foi alvo da operação. “O Grupo BRF teve que fazer um resgate de muita coisa e, dentro desse material probatório, demonstra que fazia pagamentos aos fiscais”, disse o delegado Maurício Grillo, que destacou que a empresa não é investigada. “A empresa não vai ser investigada, mas pessoas envolvidas com a empresa na época dos fatos, executivos que atuaram nesse direcionamento, sim”, afirmou.

 

A 4ª fase da operação foi batizada de "Romanos", e faz referências a passagens bíblicas do Livro de Romanos, que abordam temas como confissão e justiça.

 

Nesta etapa da operação, os policiais cumpriram 68 mandados de busca e apreensão em nove estados: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. As práticas ilegais teriam ocorrido até 2017 e foram interrompidas depois que a BRF passou por uma reestruturação interna.

 

Cerca de 280 policiais foram destacados para cumprir os mandados expedidos pela 1ª Vara Federal de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná.

 

Atualmente, 39 fiscais ainda estão na ativa. Para não atrapalhar as investigações, a PF pediu o afastamento deles das funções. Em nota, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que recebeu hoje as informações sobre os servidores alvos desta investigação e já tomou as providências e sanções legais cabíveis para resolver o que chamou de “exceção à regra”. O Mapa disse, ainda, que tem plena confiança em sua área de fiscalização agropecuária já reestruturada e desde a primeira fase colabora com as autoridades.

 

Já o Grupo BRF emitiu nota ao mercado dizendo que tem colaborado com o esclarecimento dos fatos apurados nas investigações da Policia Federal e do Ministério Público e que já adotou um sistema que assegura a sua atuação de acordo com as normas em vigor.

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