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SEMINÁRIO – Poder Judiciário auxilia na formação de políticas públicas para mulheres em Tangará

Dani Cunha / Assessoria 22/10/2021 Geral

Assunto foi discutido durante Seminário “Políticas Públicas para e com as Mulheres”

Evento realizado nesta quarta-feira

Poder Judiciário auxilia na formação de políticas públicas para mulheres em Tangará

O Poder Judiciário de Mato Grosso, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher) no âmbito do TJMT, é parceiro na elaboração e construção do plano de governo para políticas públicas para as mulheres no município de Tangará da Serra. O debate para a concretização foi realizado durante o Seminário “Políticas Públicas para e com as Mulheres”, nesta quarta-feira, 20 de outubro, e que contou com a participação de magistradas da Justiça estadual. O evento tem como foco mudar o cenário e a realidade das mulheres tangaraenses.

A primeira-dama e coordenadora do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres, Silvana Ló Masson ressaltou que o Seminário que reuniu mulheres e autoridades seja o início para a consolidação da implementação de políticas públicas para as vítimas de violência doméstica.

“Tenho certeza que as mulheres que estão aqui têm muito a acrescentar para fazermos um plano de governo de políticas públicas para as mulheres. Que hoje seja um dia de muitas realizações que a gente consiga colocar tudo o que a mulher tangaraense necessita. Tenho certeza que vamos conseguir fazer um plano que vai atender todas as necessidades da nossa cidade”, afirma.

Há um ano e oito meses a vice-presidente do TJMT e coordenadora da Cemulher, desembargadora Maria Aparecida Ribeiro não saía de casa, em virtude da pandemia da Covid-19, contudo, ela contou durante o Seminário que ao receber o convite para participar, fez questão de estar presente nesse momento de discussão para a implementação de políticas públicas para mulheres no município de Tangará da Serra.

“Estamos nessa luta e como vice-presidente do Tribunal de Justiça, juntamente com a nossa presidente, desembargadora Maria Helena Póvoas, temos feito várias ações para combater a violência doméstica, mas mesmo assim nos assustamos e nos sentimos incapazes quando sabemos pela mídia como a violência tomou conta do país e de Mato Grosso”, diz a magistrada.

E justamente pelos números das vítimas da violência que Maria Aparecida Ribeiro enfatizou a importância do Seminário, especialmente sobre o conteúdo da palestra proferida pela desembargadora do TJMT, Maria Erotides Kneip.

“Trazer para as senhoras e senhores e principalmente para os prefeitos e prefeitas algo para que possamos desenvolver políticas públicas, mas que não fique somente no papel. É preciso ter efetividade nas políticas que aqui serão estabelecidas e isso nos auxiliará muito”, disse a vice-presidente.

Uma das ações desenvolvidas pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar são as capacitações para os profissionais que atuam nas redes. Durante o Seminário, Maria Aparecida Ribeiro colocou a Cemulher à disposição para que, juntamente com o município de Tangará da Serra, promova a mesma iniciativa.

“Nos colocamos à disposição para que possamos desenvolver um trabalho em prol das vítimas de violência doméstica, para fazermos capacitações com as redes, para o seu fortalecimento, porque todos nós sabemos que a violência atinge a família e atingindo a família, atinge toda a sociedade.”

O papel da mulher na sociedade: como proteger-se de agressão em casa, no trabalho e na vida social foi o tema da palestra da desembargadora Maria Erotides Kenip que disse esperar que estas e todas as informações do Seminário, realizado de forma híbrida, sejam repassadas ao maior número de pessoas, a todos os municípios.


Brasil ainda é a quinta nação em violência doméstica

Durante o Seminário “Políticas Públicas para e com as Mulheres”, a desembargadora Maria Erotides Kenip apresentou números que mostram a face cruel da violência, onde o número 180 recebeu 3,5 milhões de chamadas de todo o país, cerca de 80% são de violência doméstica e a cada quatro minutos uma mulher é agredida.

“Quantas mulheres foram agredidas enquanto estamos aqui?”, questiona.

O Brasil ainda é a quinta nação em violência doméstica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde 70% dos assassinatos de mulheres são cometidos por homens com quem as mulheres tinham algum relacionamento.

Em Mato Grosso no ano de 2020 ocorreram 64 feminicídios e este ano já foram registrados 35 até agora.

“Alguma coisa precisa ser feita”,

reitera a magistrada ao perguntar novamente:

“como nos proteger disso?”

De acordo com Maria Erotides Kneip é preciso ter conhecimento da violência, da sua interface, do ciclo da violência e que eventos como Seminário, que discutem a violência é uma forma de conhecer mais sobre o assunto.

“É preciso conhecer como ocorre a violência, por quais razões, como educar para não-violência e como educar para a equidade e o respeito, procurar conhecer o histórico da violência do companheiro”, garante.

A proteção, ainda segundo a magistrada, é feita através de políticas públicas, como Tangará da Serra está fazendo.

“Fiquei tão feliz quando soube da criação do Gabinete. Isso é modelo para outros municípios de Mato Grosso. Uma sugestão minha é que cada município faça uma ação na estrutura organizacional para tratar de políticas públicas para mulheres. Não basta que estejam embutidas no âmbito na Secretaria de Assistência Social, anônima, sem denominação. É preciso organismo específico como foi criado aqui um Gabinete, vinculado ao gestor”, falou.

Justiça deferiu 567 medidas protetivas em 2020

A juíza que atua na Primeira Vara Criminal da Comarca de Tangará da Serra, Edna Ederli Coutinho, integrante da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cemulher), apresentou durante o Seminário “Políticas Públicas para e com as Mulheres”, nesta quarta-feira, 20, o

“Panorama da mulher tangaraense em situação de risco”,

a realidade dos anos de 2020 e 2021, quando ocorreram, respectivamente, 221 e 195 denúncias de crimes de violência doméstica oferecidas pelo Ministério Público.

Apresentou ainda dados que em 2020 foram deferidas 567 medidas protetivas, ao passo que até agora já são 395. No ano passado não foi registrado nenhum crime de tortura, ao contrário desde ano, que já contabilizam três casos.

Em Tangará da Serra, os crimes de maior incidência, conforme a juíza, são ameaças, vias de fato e lesão corporal.

“Mesmo com a pandemia, nós não paramos um minuto de trabalhar. Realizei 567 audiências, dessas, 487 foram de violência doméstica”, acrescenta.

Além da atuação direta do Judiciário no julgamento de casos, a magistrada ressalta parceria com a Patrulha Maria da Penha e destaca a importância da prevenção para se evitar a violência doméstica. Ela disse que deverá ocorrer este ano a reunião para iniciar os trabalhos para a formação da Rede de Tangará da Serra.

“Queremos nos reunir este ano para montarmos a rede, com a Cemulher, a exemplo do que existe em Cuiabá. Toda a sociedade tem que estar voltada para essa ação e a rede é perfeita para isso. Vamos incluir todos os atores, cada um vai desempenhar seu papel e fazer a diferença na vida da mulher tangaraense”, afirmou Edna Coutinho.

Depois das palestras foi realizada a mesa de debates com o tema “A construção do Plano Municipal de Políticas Públicas para Mulheres (PMPPM)”.

A programação seguiu durante todo o dia. O Seminário foi transmitido pelos canais do Youtube da Secretaria Municipal de Educação de Tangará da Serra e da APDM.



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