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Mais de 80% dos focos de calor registrados em MT foram durante o período proibitivo e ICV aponta ineficiência de medida

G1MT 05/10/2020 Geral

Estado foi o que mais sofreu com os incêndios em todo o território brasileiro. Amazônia, Cerrado e Pantanal registraram em conjunto um aumento de 45% em número de focos de calor de janeiro a setembro

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Um levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV) apontou que o adiantamento e a extensão do período proibitivo de queimadas neste ano em Mato Grosso foi insuficiente para conter o avanço do fogo no estado. Foram 39,9 mil focos de calor, enquanto 2019 contabilizou 27,5 mil pontos. Do total de focos neste ano, 83% (33,1 mil focos) ocorreu no período proibitivo – de julho a setembro.


Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram compilados pelo Monitor de Queimadas do Instituto.
 

Mato Grosso é o estado que mais sofreu com os incêndios em todo o território brasileiro. Seus três biomas – Amazônia, Cerrado e Pantanal – registraram em conjunto um aumento de 45% em número de focos de calor de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano passado.
 

Na sexta-feira, 2, o estado publicou um novo decreto estendendo o período proibitivo de queimadas até 12 de novembro em todo estado. O ato está em consonância com o decreto federal n°10.524/2020 que proibiu o uso do fogo no Brasil por um período de 120 dias.


A maior parte dos focos ocorreram no bioma Amazônia, com 12,7 mil focos (38% do total), seguido do Pantanal com 10,7 mil (32%) e Cerrado com 9,6 mil (29%).
 

Ainda de acordo com o ICV, entre as categorias fundiárias, maior parte segue ocorrendo em imóveis já registrados no CAR, com 51% do total de focos de calor (16,7 mil), seguido das áreas não cadastradas com 26% (8,7 mil), terras indígenas com 16% (5,2 mil), assentamentos com 5% (1,6 mil), unidades de conservação de proteção integral e domínio público com 2% (699) e áreas urbanas (33 focos).
 

No Pantanal, bioma proporcionalmente mais afetado, 95% dos focos de calor ocorreram no período de proibição. Dos 11,2 mil pontos de calor nos sete meses, 10,7 mil aconteceram entre julho e setembro.
 

Pantanal em foco
 

Os mais de 11 mil focos de calor no bioma em Mato Grosso representam 62% de todo o contabilizado no Pantanal brasileiro, que no período de sete meses registrou 18,2 mil pontos, o maior número da série histórica de dados do Inpe desde 1998.
 

Também simbolizaram um aumento de 905% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a porção mato-grossense do bioma contabilizou 1,1 mil focos. Segundo o ICV, uma das causas foi a seca severa sofrida pela região.
 

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostram que registros de chuva no bioma tiveram uma redução de 50% em relação à média histórica. Um dos principais indicadores da forte estiagem é o rio Paraguai, que atingiu o nível mais baixo desde os anos 1960.
 

O Instituto acredita que a propagação do fogo no estado pode ter origem no uso do fogo para fins agropecuários, quando é utilizado para limpeza ou renovação da pastagem do gado.
 

O uso do fogo na área rural é permitido de forma controlada e com autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT), mas completamente proibido na época da estiagem. Em 2020, o período proibitivo começou no dia 1º de julho e seguiu até o dia 30 de setembro.

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