Quantos continuam ignorando os sinais, achando que é “só mais uma fase”? Até que, um dia, o corpo ou a mente simplesmente desiste ou trava
Final de ano, aquele momento em que a gente tenta desacelerar. Desta vez, decidi fazer algo raro: parar. Não só para descansar o corpo, mas para dar uma pausa na mente, que tantas vezes levamos no automático, como se fosse uma máquina infalível. Aproveitei o tempo para respirar ar puro, caminhar na natureza e rever pessoas importantes. Foi nesse intervalo que vivi um encontro marcante: uma roda de conversa com empresários e empresárias bem-sucedidas. Homens e mulheres que, para quem olha de fora, parecem imbatíveis. Sempre à frente, sempre no controle.
No meio do papo, um deles, girando a xícara de café, fez a pergunta como quem lança uma pedra num lago calmo:
— Quem aqui tem crises de ansiedade, pânico, depressão ou algo assim?
O silêncio que se seguiu foi pesado, desconfortável. Mas, aos poucos, as confissões vieram:
— Rapaz, eu tenho. Passei meses lidando com crises de pânico tão fortes que achei que ia morrer no meio de uma reunião.
— Ansiedade aqui também. Tem dias que só levanto porque não tenho escolha.
— Depressão, já estive no fundo do poço. Sem saúde mental, você não faz nada.
Eram homens e mulheres que, por fora, justificavam ter o mundo nas mãos, mas carregavam fardos invisíveis. Não era só a pressão dos negócios, mas da vida. Problemas familiares, cobranças internas, contas que não param. Por trás do sucesso, havia um preço alto sendo pago.
Gerir uma empresa já é um desafio por si só. Mas quando somamos problemas pessoais e expectativas de estar sempre no topo, o peso se torna insuportável. O mais assustador? Esses problemas não aparecem em exames. Não há radiografia para ansiedade nem hemograma que mostre o esgotamento.
Percebo que o silêncio de muitos não é por falta de sofrimento, mas por falta de espaço para falar. Quantos continuam ignorando os sinais, achando que é “só mais uma fase”? Até que, um dia, o corpo ou a mente simplesmente desiste ou trava.
Voltando para casa, uma frase dita na roda ecoava na minha mente:
— Sem saúde mental, você não faz nada.
No final, não importa o tamanho da empresa que você gerencia ou o saldo da sua conta bancária. O que realmente importa é o que resta de você depois de tantos desafios. Cuidar da mente não é luxo, nem um detalhe a ser deixado para depois. Porque, sem ela, o sucesso perde o sentido e a jornada deixa de valer a pena.
