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Dançar é Celebrar a Vida

Euller Sacramento 08/10/2025 Artigos

Cada passo da minha filha era uma lembrança do quanto ela cresceu, de quantas pequenas conquistas nos trouxeram até aquele momento. Vi nela a menina curiosa e a pequena artista que, mesmo sem saber, me ensinava sobre presença, coragem e leveza

Dançar é Celebrar a Vida

No último fim de semana, vivi uma daquelas experiências que tocam fundo o coração. Aconteceu o espetáculo de dança “Dançar Não Tem Idade”, e minha filha esteve no palco. Era apenas ela, sua turma do 3º ano da Escola Avance, e um brilho que parecia vir de dentro. Vi nela beleza, graça e uma alegria genuína que nenhuma palavra consegue traduzir por completo.

A turma foi impecável, dançou com energia e encantamento. Mas preciso tirar o chapéu para a professora, carinhosamente chamada de “tia Paula”. Em poucos dias de ensaio, ela conseguiu transformar crianças cheias de energia em pequenas estrelas em perfeita sintonia. O espetáculo foi uma soma de tudo o que é bonito: música, movimento, leveza, emoção, um convite para acreditar, mais uma vez, que a arte tem o poder de unir o que é passageiro e o que é eterno.

Enquanto eu assistia, percebia algo maior acontecendo diante dos meus olhos. Cada mulher, cada criança que pisava naquele palco carregava uma história. Eram minutos de apresentação que escondiam horas de ensaio, sacrifício, superação e bastidores silenciosos. Mas ali, sob as luzes, nada disso pesava. Só havia sorrisos, brilho nos olhos e o prazer de estar presente, corpo, alma e coração, dançando.

Como não se emocionar ao ver as crianças entregues à diversão, sem se preocupar com o olhar do outro, apenas sendo felizes? E ao mesmo tempo, era inspirador ver mulheres maduras mostrando que a idade não limita o sonho, que o corpo pode continuar sendo um instrumento de expressão e liberdade. Naquele palco, a juventude e a longevidade dançavam juntas e o tempo, por alguns instantes, se curvou em reverência à vida.

Cada passo da minha filha era uma lembrança do quanto ela cresceu, de quantas pequenas conquistas nos trouxeram até aquele momento. Vi nela a menina curiosa e a pequena artista que, mesmo sem saber, me ensinava sobre presença, coragem e leveza.

Saí do teatro com o coração cheio de gratidão. Gratidão à organizadora Silvana Varnier, à professora Paula, e a todasc que, com esforço e amor, transformaram aquele evento em um espetáculo inesquecível. Mas, acima de tudo, gratidão à vida, por me permitir ver e sentir o poder da arte em movimento.

Dançar é lembrar que o tempo passa, mas a alma não envelhece. É o corpo dizendo o que as palavras esquecem, é o instante em que o movimento se transforma em eternidade.


Euller Sacramento é Psicólogo Clínico.
Instagram: @eullersacramento

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