Diário da Serra

Setembro Amarelo: A Responsabilidade de Falar Sobre o Suicídio

Euller Sacramento 04/09/2024 Artigos

É vital lembrar que o que pode parecer sensibilização para uns, pode ser uma lembrança dolorosa e desencadeante para outros.

Setembro Amarelo: A Responsabilidade de Falar Sobre o Suicídio

Setembro chegou, e com ele, a campanha Setembro Amarelo, um movimento de conscientização e prevenção ao suicídio. Durante este mês, as redes sociais se enchem de textos, imagens e depoimentos que buscam trazer à luz uma questão delicada e, muitas vezes, silenciada: a luta diária de milhares de pessoas contra pensamentos de autodestruição. Este é um mês de grande importância, pois nos convida a refletir sobre saúde mental, acolhimento e empatia. No entanto, como psicólogo e especialista em comportamento suicida, sinto a necessidade de destacar uma preocupação: a forma como falamos sobre o suicídio.

A intenção de compartilhar mensagens de apoio e conscientização é louvável, mas ao tratar de um tema tão sensível e complexo, é crucial termos cuidado com nossas palavras. Muitos, ao tentar ajudar, acabam divulgando conteúdos que podem servir de gatilho para pessoas já fragilizadas. Relatos gráficos, descrições detalhadas de métodos ou a romantização do sofrimento podem, sem querer, estimular comportamentos de risco. É vital lembrar que o que pode parecer sensibilização para uns, pode ser uma lembrança dolorosa e desencadeante para outros.

Falar sobre suicídio exige responsabilidade. Não basta compartilhar qualquer conteúdo que vemos na internet. Precisamos refletir sobre o impacto de nossas palavras. Antes de postar ou compartilhar, pergunte-se: “Este conteúdo pode ajudar ou prejudicar alguém em situação de vulnerabilidade?” Sensibilidade e cuidado ao abordar o tema são essenciais. Evite sensacionalismos, simplificações ou juízos de valor. O objetivo não é ser dramático ou alarmista, mas sim promover apoio e compreensão.

É igualmente importante sempre oferecer informações de ajuda e suporte. No artigo da próxima semana, explicarei a diferença dos serviços disponíveis. Sempre que falarmos sobre suicídio, devemos lembrar que há recursos e pessoas dispostas a ajudar. Incluir ao final de cada mensagem os contatos de profissionais, como psicólogos, psiquiatras, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e serviços de apoio como o Centro de Valorização da Vida (CVV, 188), que oferece atendimento 24 horas por telefone, chat e e-mail, pode fazer uma grande diferença na vida de alguém. Isso demonstra empatia e direciona quem está sofrendo para o caminho do cuidado e do acolhimento.


Euller Sacramento é Psicólogo Clínico
Insta: @eullersacramento

Diário da Serra

Notícias da editoria