Vivemos em uma sociedade onde a maternidade é frequentemente romantizada, enquanto a paternidade é vista como opcional
Ontem, ao assistir aos stories da psicóloga @sabrinac.ferreirac, deparei-me com um vídeo que mostrava uma avó sendo atropelada na Avenida Brasil, em Tangará da Serra, enquanto cuidava de seus netos. O que mais me chocou foi o comentário de um seguidor na página @tangarainsana: “Se tivesse com o pai não teria acontecido de a criança sair correndo!!! Me desculpem à vontade!!”.
Esse tipo de comentário não é apenas insensível, mas também revela um machismo enraizado que desqualifica a maternidade, insinuando que os homens seriam mais competentes na criação dos filhos e que, sob seus cuidados, acidentes não ocorreriam.
No Brasil, a realidade mostra outra face. Em 2023, mais de 172 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento, um aumento de 5% em relação a 2022. Além disso, cerca de 11 milhões de mulheres criam seus filhos sozinhas, muitas vezes enfrentando desafios financeiros e emocionais significativos
Comentários como “Quem mandou ter filho?” ou “Deve estar cansada porque quis” são exemplos de frases machistas que sobrecarregam as mães, colocando sobre elas toda a responsabilidade pelo cuidado dos filhos. Essa mentalidade ignora a corresponsabilidade parental e perpetua a ideia de que a criação dos filhos é uma obrigação exclusivamente feminina.
Vivemos em uma sociedade onde a maternidade é frequentemente romantizada, enquanto a paternidade é vista como opcional. Isso resulta em uma sobrecarga para as mulheres, que acumulam funções de cuidadoras, provedoras e educadoras, muitas vezes sem o devido reconhecimento ou apoio.
É fundamental questionarmos esses preconceitos e reconhecermos que acidentes podem acontecer independentemente de quem esteja cuidando da criança. Atribuir culpas baseadas em estereótipos de gênero não contribui para a solução e apenas reforça desigualdades.
Precisamos promover uma cultura onde a paternidade seja exercida de forma plena e responsável, e onde a maternidade não seja sinônimo de sacrifício solitário. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde homens e mulheres compartilhem, de fato, as responsabilidades e as alegrias de criar uma criança.
Que possamos refletir sobre nossos preconceitos e trabalhar juntos para desconstruí-los, promovendo uma parentalidade mais igualitária e consciente.