A crise de saúde mental que enfrentamos hoje é um alerta para todos nós. Precisamos parar de ignorar os sinais, minimizar o sofrimento alheio e romantizar o cansaço extremo
Na segunda-feira pela manhã, ao abrir os jornais, me deparei com uma realidade alarmante: o Brasil atingiu o maior número de afastamentos por ansiedade e depressão dos últimos dez anos. Essa notícia reflete uma crise silenciosa que vem se intensificando. Não se trata de um problema isolado, mas de um reflexo da forma como vivemos e lidamos com o sofrimento emocional.
Milhões de brasileiros enfrentam transtornos de ansiedade e depressão, tornando o país um dos mais afetados no mundo. Esses dados são alarmantes, especialmente quando observamos seus reflexos no ambiente profissional. O crescimento dos afastamentos por questões mentais não apenas revela o sofrimento pessoal, mas também destaca a urgência de ações preventivas e apoio psicológico dentro das empresas.
O que tem levado tantas pessoas ao limite? A busca incessante por resultados, a carga excessiva de trabalho e a falta de equilíbrio entre carreira e vida pessoal são fatores determinantes. A cultura da alta performance, vista como sucesso, sobrecarrega os trabalhadores. A exigência constante de produtividade e disponibilidade cobra um preço alto, invisível, mas profundamente desgastante.
O estigma é outro grande obstáculo. Apesar do aumento dos transtornos mentais, o tema ainda é cercado por preconceitos. Muitos evitam buscar ajuda por medo de julgamentos ou impactos na carreira. Esse silêncio apenas prolonga o sofrimento, agravando os afastamentos e aumentando as crises.
Diante desse cenário, empresas e sociedade precisam repensar suas atitudes. Programas de bem-estar, ambientes de trabalho saudáveis e políticas de apoio psicológico devem ser prioridades. Campanhas de conscientização e treinamento de líderes para identificar sinais de sofrimento são essenciais. Criar uma cultura organizacional que normalize o cuidado com a mente é um passo urgente.
A crise de saúde mental que enfrentamos hoje é um alerta para todos nós. Precisamos parar de ignorar os sinais, minimizar o sofrimento alheio e romantizar o cansaço extremo. A valorização do bem-estar deve estar acima da produtividade desenfreada, pois não podemos continuar tratando o sofrimento psíquico como algo secundário. Precisamos mudar a forma como enxergamos o que não pode ser visto a olho nu. O peso da mente é invisível, mas suas consequências são reais.