Tangaraenses articulam abaixo-assinado para uma Petição Anulatória da aprovação
A aprovação aconteceu na tarde desta terça-feira, dia 11 de março, com o plenário lotado de pessoas que, embora não conhecessem o rito da Casa de Leis, iniciaram suas manifestações já na votação do regime, que foi pautado como de Urgência Especial.
Os presentes iniciaram vaias e cobranças direcionadas aos vereadores em que depositaram os votos no dia 06 de outubro de 2024. O nome de Niltinho do Lanche, Evânia Felix foram citados, mas os de Horácio Pereira e Maurício Escobar foram os mais aludidos, seguidos de Fabio Brito que foi, inclusive, cutucado por uma das manifestantes que cobrava uma posição.
Os ânimos estiveram de fato exaltados e funcionários de 16 anos de serviços prestados na Casa de Leis disseram nunca ter visto tamanha revolta. A sessão que seguiu sob gritos e perguntas dos presentes aos legisladores foi uma verdadeira força de vozes, com a vereadora Zi Lima se esforçando para ler os projetos, usando tom cada vez mais elevado, tentando cobrir a manifestação, que foi por diversas vezes repreendida pelo presidente da Câmara, vereador Edmilson Porfírio.
Em uma das vezes, o presidente solicitou aos policiais presentes, cerca de dez, que retirassem do plenário manifestantes que o fizessem de forma audível. Neste momento, o advogado Rossano Ferrari se manifestou e disse que como representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionava contra a retirada de quem fosse do recinto, uma vez que os vereadores tinham os microfones e poderiam dar seguimento à sessão.
No momento da fala livre, o presidente leu uma Nota de Esclarecimento em que destacou que o valor empregado nos auxílios será do duodécimo da Casa, mas com o barulho e gritos de ‘vergonha, vergonha’, a leitura restou bastante prejudicada.
Como as manifestações não cessavam, o presidente suspendeu a sessão por 15 minutos e ao voltarem, os vereadores votaram os projetos de resolução em bloco, embora os presentes solicitassem que fosse em separado, deixando os tangaraenses indignados e pasmos. Sem nenhum debate ou discussão os projetos foram votados e os vereadores saíram às pressas do plenário.
Ao final da sessão, tangaraenses já se articulavam para realização de um abaixo-assinado que será a porta para uma Petição Anulatório da aprovação.
Fabíola Tormes; Pâmela Silva / Redação DS
Com cartaz em mãos protestando contra os Projetos de Resolução que instituíram o pagamento de auxílio parlamentar no município de Tangará da Serra, a trabalhadora de serviços gerais, Elaine da Silva Dias, disse não concordar com toda a situação.
“Não concordo com essa pouca-vergonha que está tendo hoje na Câmara, tentando aprovar. Sabe por quê? A maioria das famílias vivem com um salário mínimo para sustentar uma família e maioria paga aluguel. Isso não é justo. Isso não é justo”,
protestou durante a sessão, segurando um cartaz que dizia ‘Tem famílias que estão sobrevivendo com um salário mínimo de 1.518, o que vocês acham?’.
O comerciante Gilson Rodrigues Gonçalves, morador de Tangará desde 1969, também demonstrou sua indignação.
“Acho isso um absurdo. Primeiro lugar se fosse para abaixar o salário, nunca, jamais, eles iriam aprovar. Se fosse para eles aumentarem a carga horária [de trabalho], jamais também. Então acho isso um absurdo. Eles já tem um salário ótimo, com ajuda de custo e tudo que eles tem já dá quase 17 mil reais, mais cinco mil vai para mais de 22 mil reais. Então, como cidadão, não sou obrigado a pagar alimentação de família de vereador e nem plano de saúde deles. Nós ocupamos a UPA, por que eles não podem também?”,
questiona.
“Hoje eles estão como vereadores, não serão vereadores para sempre. Então eles estão aqui porque nós os colocamos, porque nós pagamos os salários deles. (…) Eles não brigam pela sociedade, eles brigam pelo bolso deles. E se não fosse pelo bolso deles não estariam brigando dessa forma”,
continua, ao questionar, inclusive, vereadores que se elegeram pelo viés da saúde.
“Admiro muito as vereadoras Dona Neide e Evânia, e o vereador Hélio da Nazaré, todos esses vereadores que fizeram campanha em cima da saúde pública e eles não podem usar a UPA? Eles não são cidadãos comuns, como nós somos também? Por que nós podemos usar a UPA e eles não podem? Nós temos que pagar um plano de saúde para eles, que é muito alto, e ainda tenho que fazer o mercado deles, para dar regalias para as famílias, de mais dois mil e quinhentos. Isso é um absurdo, fora do comum. Com 55 anos de Tangará da Serra, 56 anos de idade, eu nunca vi isso aqui nessa Câmara Municipal”.
Assim como ambos, muitos tangaraenses lotaram a Câmara de Vereadores nesta terça-feira, 11.