Aos 17 anos de idade se casou com Zelino Agostinho Lorenzetti
Matriarca de uma das famílias mais conhecidas de Tangará da Serra, Lourdes Baseggio nasceu no dia 18 de março de 1940, em Xaxim, Santa Catarina, e para época já demonstrava que seria uma mulher diferenciada por sua força e coragem.
Os pais Luiz e Idalina Baseggio viviam no sítio e lavoravam na terra, para sustentar a família que, com Lourdes, era de 13 pessoas contando os pais e os irmãos Nair, Geni, Selvino, Ilce, Laires, Elizabet, Celso, Valmor, Rita e Salete.
Como era uma das mais velhas, ajudava os pais em um mercado que a família possuía.
“Ali vendiam secos e molhados, que eram grãos, farinha e inclusive tecidos que vinham enrolados em uma tábua, em rolos”,
relata o filho Rui Ari Lorenzetti.
Aos 17 anos se casou com Zelino Agostinho Lorenzetti, com 22 anos, e passou a assinar Lourdes Lorenzetti. Com ele formou a parceria de uma vida, e construiu sua família. Os dois moravam próximos e acabaram se enamorando. Do casamento nasceram: Jamili Terezinha Lorenzetti Bigolin, Eliane Maria Lorenzetti, Rui Ari Lorenzetti, Nei Lorenzetti e Jackson Lorenzetti.
O casamento aconteceu em 1957, em Xaxim, e, tempos depois, o esposo comprou um caminhão no qual transportava feijão para São Paulo.
“Como ele começou a ganhar um dinheirinho com a venda do feijão, ele montou um comércio em Marema [cidade próxima], para onde se mudaram no início de 1959. O comércio era embaixo e nós morávamos em cima”,
narram os filhos Jamili, Rui e Eliane, que contaram a história da mãe.
Com as viagens do esposo, Lourdes acabava por ser responsável por quase todas as decisões pertinentes ao comércio e aos filhos. Os narradores a descrevem como forte e decidida, mas muito meiga e educada.
“A minha mãe sempre foi a parte firme da casa porque o pai quase não ficava em casa. Então, ela é que sempre tomava conta de tudo e nós éramos uma escadinha, nascemos um perto do outro”.
Um dos pontos mais destacados pelos filhos é de que os pais eram extremamente ligados à família que formaram, mas também aos familiares de sangue e a família do cônjuge, que amavam incondicionalmente.
Lourdes, por ter que ajudar a família, quando criança acabou por estudar até o terceiro ano do ensino fundamental, mas tinha os estudos dos filhos como ponto essencial, tanto que para os ajudar nas tarefas retornou aos estudos já adulta, terminando o colegial e se formando no curso Normal (formação de professores), como era conhecido há época o Magistério. Nunca exerceu a profissão e fez o curso para auxiliar o desenvolvimento escolar dos cinco filhos, que fez questão de acompanhar de perto.
Em 1965 a família segue para Realeza, no Paraná, onde construíram uma cerâmica. Ali passou a ficar totalmente em casa para dar suporte aos filhos.
Outro ponto muito importante e cobrado pela mãe era sobre a religião. Lourdes fazia questão de que participassem da igreja, queria que conhecessem a Palavra de Deus. Como sabia que um ou outro poderia não chegar à igreja, ao retornarem, fazia perguntas sobre o sermão do dia. Chegou a colocar dois filhos no seminário e uma das filhas no colégio de freiras na esperança de que algum seguisse na vida religiosa.
É descrita como muito prendada. Cozinhava maravilhosamente, fazia crochê e sabia de tudo um pouquinho e tudo que fazia, era com alegria e cantando. “Ela dizia que quem canta reza duas vezes”, lembram, ao destacar que as músicas do Padre Zézinho eram as preferidas.
Por volta de 1974 o esposo adquire um avião e em 1978 mudaram-se para Amambai, Mato Grosso do Sul. Com isso, realizava muitas viagens e assim conheceu o Mato Grosso. Na companhia dos filhos foi à Rondônia e visitaram Tangará da Serra. Por ver que o local tinha potencial, comprou várias terras no município em 1980. Com a conclusão dos estudos dos filhos, perguntou onde gostariam de iniciar a vida e eles escolheram Tangará da Serra, onde já morava um irmão de Zelino.
Em 1982 a família se muda para o município e Lourdes, sem pestanejar, acompanhou o esposo.
“Ela dizia que a mulher tinha que acompanhar o marido e que onde a família fosse, ela iria junto”.
Ao chegar a Tangará da Serra Lourdes continuou a ajudar. Se dedicava a igreja como cursilhista, como catequista, em missões, no Dia das Crianças sempre fazia as comemorações e em todas as festas contribuía com muito trabalho. Faziam parte também do Centro de Tradições Gaúchas (CTG), e participava de tudo que fosse em prol do outro.
Era amorosa, alegre e dedicada ao extremo à família, o que se seguiu aos netos, aos quais se dedicava de forma marcante e fazia questão de ter todos juntos, unidos e a volta. Outro lado muito especial era de que amava unir as pessoas.
“Ela adorava ver todo mundo casado. Era uma casamenteira”,
relembram os filhos.
Uma de suas paixões era dançar e em casa colocava todos para a acompanhar, inclusive os netos.
Lourdes Lorenzetti acendeu a luz dos outros e espalhou alegria, sorrisos, amor, união, força, sabedoria e, principalmente, bondade, sem olhar a quem. Agia de forma a ser exemplo para os seus e a quem estivesse a sua volta e viveu até os 54 anos de idade, quando, com o esposo Zelino Agostinho Lorenzetti, faleceu em um acidente aéreo. A partida deixou a cidade consternada e até os dias de hoje é lembrada com saudade.
O acidente aéreo aconteceu no dia 22 de junho de 1994 quando os dois voavam para Comodoro, onde visitariam compadres. Por trabalhos prestados ao município teve o nome eternizado em uma avenida no bairro Buritis, que se liga a uma outra avenida que leva o nome do esposo, no Tarumã. Ainda, nominam o Módulo Esportivo Zelino e Lourdes Lorenzetti.
“Ela dizia que a esposa devia seguir o marido e partiram juntos”.
As homenagens continuam mostrando o quão forte foi a ligação do casal, que segue eternizado aqui na Terra com as nominações.