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MEMÓRIA – Lourdes Baseggio Lorenzetti, a matriarca que foi o esteio e a força da família

Rosi Oliveira / Especial DS 18/03/2025 Memória

Aos 17 anos de idade se casou com Zelino Agostinho Lorenzetti

Lourdes nasceu no dia 18 de março de 1940, em Xaxim

Lourdes Baseggio Lorenzetti, a matriarca que foi o esteio e a força da família

Matriarca de uma das famílias mais conhecidas de Tangará da Serra, Lourdes Baseggio nasceu no dia 18 de março de 1940, em Xaxim, Santa Catarina, e para época já demonstrava que seria uma mulher diferenciada por sua força e coragem.

Os pais Luiz e Idalina Baseggio viviam no sítio e lavoravam na terra, para sustentar a família que, com Lourdes, era de 13 pessoas contando os pais e os irmãos Nair, Geni, Selvino, Ilce, Laires, Elizabet, Celso, Valmor, Rita e Salete.

Como era uma das mais velhas, ajudava os pais em um mercado que a família possuía.

“Ali vendiam secos e molhados, que eram grãos, farinha e inclusive tecidos que vinham enrolados em uma tábua, em rolos”,

relata o filho Rui Ari Lorenzetti.

Aos 17 anos se casou com Zelino Agostinho Lorenzetti, com 22 anos, e passou a assinar Lourdes Lorenzetti. Com ele formou a parceria de uma vida, e construiu sua família. Os dois moravam próximos e acabaram se enamorando. Do casamento nasceram: Jamili Terezinha Lorenzetti Bigolin, Eliane Maria Lorenzetti, Rui Ari Lorenzetti, Nei Lorenzetti e Jackson Lorenzetti.

O casamento aconteceu em 1957, em Xaxim, e, tempos depois, o esposo comprou um caminhão no qual transportava feijão para São Paulo.

“Como ele começou a ganhar um dinheirinho com a venda do feijão, ele montou um comércio em Marema [cidade próxima], para onde se mudaram no início de 1959. O comércio era embaixo e nós morávamos em cima”,

narram os filhos Jamili, Rui e Eliane, que contaram a história da mãe.

Com as viagens do esposo, Lourdes acabava por ser responsável por quase todas as decisões pertinentes ao comércio e aos filhos. Os narradores a descrevem como forte e decidida, mas muito meiga e educada.

“A minha mãe sempre foi a parte firme da casa porque o pai quase não ficava em casa. Então, ela é que sempre tomava conta de tudo e nós éramos uma escadinha, nascemos um perto do outro”.

Um dos pontos mais destacados pelos filhos é de que os pais eram extremamente ligados à família que formaram, mas também aos familiares de sangue e a família do cônjuge, que amavam incondicionalmente.

Lourdes, por ter que ajudar a família, quando criança acabou por estudar até o terceiro ano do ensino fundamental, mas tinha os estudos dos filhos como ponto essencial, tanto que para os ajudar nas tarefas retornou aos estudos já adulta, terminando o colegial e se formando no curso Normal (formação de professores), como era conhecido há época o Magistério. Nunca exerceu a profissão e fez o curso para auxiliar o desenvolvimento escolar dos cinco filhos, que fez questão de acompanhar de perto.

Em 1965 a família segue para Realeza, no Paraná, onde construíram uma cerâmica. Ali passou a ficar totalmente em casa para dar suporte aos filhos.

Outro ponto muito importante e cobrado pela mãe era sobre a religião. Lourdes fazia questão de que participassem da igreja, queria que conhecessem a Palavra de Deus. Como sabia que um ou outro poderia não chegar à igreja, ao retornarem, fazia perguntas sobre o sermão do dia. Chegou a colocar dois filhos no seminário e uma das filhas no colégio de freiras na esperança de que algum seguisse na vida religiosa.

É descrita como muito prendada. Cozinhava maravilhosamente, fazia crochê e sabia de tudo um pouquinho e tudo que fazia, era com alegria e cantando. “Ela dizia que quem canta reza duas vezes”, lembram, ao destacar que as músicas do Padre Zézinho eram as preferidas.

Por volta de 1974 o esposo adquire um avião e em 1978 mudaram-se para Amambai, Mato Grosso do Sul. Com isso, realizava muitas viagens e assim conheceu o Mato Grosso. Na companhia dos filhos foi à Rondônia e visitaram Tangará da Serra. Por ver que o local tinha potencial, comprou várias terras no município em 1980. Com a conclusão dos estudos dos filhos, perguntou onde gostariam de iniciar a vida e eles escolheram Tangará da Serra, onde já morava um irmão de Zelino.


A mulher que acendia a luz do próximo sem que ninguém precisasse saber

Em 1982 a família se muda para o município e Lourdes, sem pestanejar, acompanhou o esposo.

“Ela dizia que a mulher tinha que acompanhar o marido e que onde a família fosse, ela iria junto”.

Ao chegar a Tangará da Serra Lourdes continuou a ajudar. Se dedicava a igreja como cursilhista, como catequista, em missões, no Dia das Crianças sempre fazia as comemorações e em todas as festas contribuía com muito trabalho. Faziam parte também do Centro de Tradições Gaúchas (CTG), e participava de tudo que fosse em prol do outro.

Era amorosa, alegre e dedicada ao extremo à família, o que se seguiu aos netos, aos quais se dedicava de forma marcante e fazia questão de ter todos juntos, unidos e a volta. Outro lado muito especial era de que amava unir as pessoas.

“Ela adorava ver todo mundo casado. Era uma casamenteira”,

relembram os filhos.

Uma de suas paixões era dançar e em casa colocava todos para a acompanhar, inclusive os netos.


A partida precoce - Homenagem

Lourdes Lorenzetti acendeu a luz dos outros e espalhou alegria, sorrisos, amor, união, força, sabedoria e, principalmente, bondade, sem olhar a quem. Agia de forma a ser exemplo para os seus e a quem estivesse a sua volta e viveu até os 54 anos de idade, quando, com o esposo Zelino Agostinho Lorenzetti, faleceu em um acidente aéreo. A partida deixou a cidade consternada e até os dias de hoje é lembrada com saudade.

O acidente aéreo aconteceu no dia 22 de junho de 1994 quando os dois voavam para Comodoro, onde visitariam compadres. Por trabalhos prestados ao município teve o nome eternizado em uma avenida no bairro Buritis, que se liga a uma outra avenida que leva o nome do esposo, no Tarumã. Ainda, nominam o Módulo Esportivo Zelino e Lourdes Lorenzetti.

“Ela dizia que a esposa devia seguir o marido e partiram juntos”.

As homenagens continuam mostrando o quão forte foi a ligação do casal, que segue eternizado aqui na Terra com as nominações.



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