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Em casa, refletindo, recomeçando...

Leonilda Alves Ribeiro 31/03/2020 Artigos

É incrível como não temos tempo para refletir sobre tais colocações que constantemente cerceiam nossa vida

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A brisa que vejo pela janela passa ao longe e faz-me desejar estar mais perto. Mais perto de tudo que se apresenta como sendo meu. Meus desejos malucos e desconcertantes contados aos risos numa coletiva de jovens de espíritos livres, a primeira vez que pisei em terrenos românticos à espera dos anúncios frequentes do coração, todavia, simplesmente sinto que a tudo isto, não pertenço. Quantas vezes podemos fazer muito do que queremos. Mas, o que surpreende é a importância que damos para estes pequenos instantes incessantes nas diferentes fases da vida. Preciosos momentos que a tempos são resumidos a um fragmento de vida, ínfimo e comum. Tocamos em frente, sem imaginar o desafio que estaríamos em breve a enfrentar. A trajetória atual prende nosso estado de liberdade, antes já cerceado por ele - o mais colossal parque de diversão que a história tem notícia “o consumismo” - em que nos perdemos, seduzidos pela mágica que aspira numa escala incontrolável a fábrica das selfs perfeitas, ali abeirar sorrisos enigmáticos, contagiantes  que nascem da infame necessidade de seguir padrões chegando a atravessar a fonte do ser para materializar-se  mais uma vez em “outros iguais”.


O poeta Fernando Pessoa disse “O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma”.  Agora tendo limitado nosso direito de ir e vir, penso que sua mensagem faz todo sentido, pois sinto vibrar de forma intensa a fragilidade que rasga o peito depois de espiar lá no fundo tanto descompasso. Após muitos esforços ancorados na coragem: lutamos, ganhamos e perdemos, no fim à espreita dos silêncios perdidos na consciência resgatamos a paz genuína, estamos a um passo de nos conhecermos, de posse da capacidade de nos reinventar. Enquanto a escuridão no planeta não passa é preciso acender a luz dentro de nós, aquela capaz de revelar novas possibilidades. É hora de sentir o gostinho de estar consigo mesmo. Os filhos podem descobrir novas aventuras com seus pais. Os casais podem se encontrar e quem sabe se apaixonar mais ainda pelo mesmo olhar que os visitam a cada despertar do dia.


O presságio anunciado é que o mundo toma outra roupagem, por ora sei que jamais será o mesmo, eu e você já nos tornamos outro não importa o que pregam os marketings digitais. A vida sempre pulsa porque seu horizonte tem dança própria, embora estejamos sempre no ritmo do inesperado, nada nos tira o poder de escolher entre abraçar e dar graças as surpresas ou simplesmente curvar-se para beijar o chão.  A escuridão trouxe até nossos pés a verdade. Agora que a vemos tão soberba, tão de perto que quase pode-se ouvir sua respiração insistentemente abalar o inconsciente, sabemos que és como um cobrador de impostos – não vai embora sem levar o que veio buscar. Então admita: já se equivocou!? Confesse se fez ou faz coisas que não se orgulha: por acaso deixou de atender a um amigo por se ver atarefado no trabalho? Levou muito a sério as críticas sobre suas decisões. Quanto ao planeta? Alguma contribuição significativa. É hora de cutucar nossas fragilidades, mergulhar no desconhecido para em seguida, poder voar com as próprias pernas. 


É incrível como não temos tempo para refletir sobre tais colocações que constantemente cerceiam nossa vida. Outro dia, a chamada na tv que retratava o sofrimento mundial causado pela pandemia em virtude do cornavírus e imprime força poderosa para mudar nossa forma de ser e estar no mundo tocou-me profundamente a fala de uma mãe que dizia como era difícil ver a filha e não poder beijá-la a uma semana. Algo tão comum do dia-a-dia foi lhe brutalmente tirado, por uma causa justa ou injusta? Podem assim dizer. Neste viés vamos usá-la como exemplo do que se pretende destacar.  Quantos de nós estiveram distantes de todos mesmo quando detinha a presença física de muitos amigos ou familiares, o número elevado de Joses em sua romaria sempre foi imprevisto. Reservamos lugar no passado para Todos os sonhos considerados insignificantes rumo ao caminho de sucesso. Por assim ser a lição por trás desta narrativa pretende não empregar apenas um ensinamento, mas sim falar aos corações das pessoas sobre o cuidado. Não somente ao cuidado restrito a saúde física que neste delicado momento é decisivo para nosso futuro, mas almeja reforçar acima de tudo o zelo a saúde socioemocional.


Nossa casa psicológica sofre abalos incalculáveis, por isso carece de atenção, nada de sufoca-la com pensamentos negativos sobre si e o mundo ao redor, pelo contrário ser otimista eleva as paredes que sustentarão seu emocional. A cada doce palavra instaura-se dentro de si as chances de projetar um novo destino na esfera da felicidade. Dentro do corpo, nada está definido, tudo é probabilidade, então busque reformar sua casa considerando os percalços presentes no endereço, sem esquecer que o corpo prescinde do abrigo de sua inestimada perfumista a alma em total sintonia.   Veja-se no seu amanhã como quem se deixa ir seguindo a lei maior “o AMOR”, assim transformará os sentidos vazios existentes, assim conquistará   verdadeiramente uma vida plena. Antes de tudo seja paciente com sua vontade, esclareça que o ISOLAMENTO é provisório e que mais tarde não existirá tamanha aflição. Seja solidário! Estamos todos a serviço da humanidade e o universo aplaude tal iniciativa.

 

Leonilda Alves Ribeiro é Pedagoga, Especialista em Psicopedagogia Institucional e Clínica. Atualmente atua na Sala de Recursos Multifuncional da E E Professor João Batista, em Tangará da Serra-MT.

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