Passeios incluem 13 vivências diferentes nas aldeias
Oito aldeias de Mato Grosso, localizadas no município de Campo Novo do Parecis passam a ofertar ao mercado regional, nacional e internacional produtos de eco e etnoturismo devidamente formatados para valorizar a cultura indígena, seguindo todos as normas de segurança da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
As aldeias Haliti-Paresi são Wazare, Salto da Mulher, Salto Belo, Utiariti, Quatro Cachoeiras, Ponte da Pedra, Rio Sacre e Cachoeira Azul, todas numa região cortada por inúmeros leitos d’água e cachoeiras de tirar o fôlego.
Elas participam do projeto Desenvolvimento do Eco e Etnoturismo em MT, desenvolvido pelo Serviço de Apoio às Micro e pequenas empresas em Mato Grosso (Sebrae MT) desde agosto de 2021 e cujos resultados já estão se consolidando. O projeto é uma das ações do programa Cidade Empreendedora e Sustentável.
Foram formatados novos produtos, incluindo 13 vivências diferentes nas aldeias, como recepção com dança e cântico, passeio pela aldeia, visita à casa tradicional, roda de conversa, trilhas temáticas, contemplação ancorada, banho de rio. Seis aldeias oferecem alimentação e uma delas possibilita ao turista vivenciar um casamento típico.
Para alcançar tais resultados foi necessário fazer melhorias nas operações turísticas, classificação das trilhas de acordo com as normas da ABNT, implantação de equipamentos de segurança, desenvolver plano operacional padrão e plano de atendimento emergencial, trabalhar o reposicionamento da circulação de pessoas, desenvolver políticas de negócio, treinamento dos condutores, técnica para salvamento aquático, boas práticas de manipulação de alimentos, desenvolvimento de políticas de negócio e incorporação de uma linguagem comercial visando formatação de preços e melhoria das vantagens competitivas e regras de negociação dos serviços oferecidos ao turista. Foram feitos planos personalizado para cada aldeia, de acordo com as características e necessidades específicas.
A analista técnica do Sebrae Regional Tangará da Serra, Silvia Fraga, que acompanha o projeto, destaca que o objetivo é a profissionalização do turismo nas aldeias para incluir o município e região no mapa do turismo nacional e internacional.
Tatiana Fernandez, consultora contratada para o projeto, ressalta que o tíquete médio passou de R$ 35,00 para R$ 250,00 na medida em que deixaram de ser simples locais de balneário para proporcionar uma real experiência étnica com resgate de aspectos importantes da cultura, como trajes típicos, pintura corporal, oferta de alimentação, e comercialização de artesanato, tradição que estava sendo relegada.
“O Brasil tem que ver que é possível fazer, que o indígena quer melhorar e que tem condições de atuar como protagonista e de vender seus produtos turísticos”,
relata Tatiana.
O cacique Ivo Zokenazonkemae, da aldeia Rio Sacre, destaca que o projeto trabalha os aspectos social, ambiental, cultural, econômico e político.
“É um meio de romper paradigmas, temos que acabar com aquela imagem do índio pobre coitado, o indígena tem capacidade de fazer a diferença”.
O Cleiton Terena reforça que existe uma consciência de que precisam melhorar a atividade de turismo nas aldeias.
“Se a gente parar no tempo, não vamos conseguir nos posicionar e a concorrência nos passa. É preciso estar sempre em processo de crescimento, evoluindo”.
O cacique Rony Wazare, primeira aldeia e única a ter plano de autorização da Funai para visitação, lembra que esse é um processo de longo prazo que se estende até 2029 e reforça ainda que já avançaram muito.