Diário da Serra

LEGISLAÇÃO - Campanha deve alertar sobre riscos causados pelo uso excessivo de telas por bebês e crianças

RENATA NEVES / Secretaria de Comunicação Social 11/02/2024 Saúde

Campanha de conscientização deve ser realizada em novembro

Saúde

A população mato-grossense deverá ser alertada sobre os riscos causados à saúde de bebês e crianças pelo uso intenso de celulares, tablets e computadores, por meio de campanha a ser realizada anualmente no estado. É o que estabelece a Lei 12.398/2024, de autoria do deputado estadual Sebastião Rezende (União Brasil).

A norma determina que uma campanha estadual de conscientização e prevenção dos males causados pelo uso excessivo de telas seja realizada sempre na primeira semana de novembro.

A Academia Americana de Pediatria orienta que até os dois anos de idade os bebês não devem ser expostos às telas dos celulares, tablets e computadores e até mesmo televisão, pois há vários estudos, estes já confirmados, de que a exposição às telas não contribui para o aprendizado de bebês, enfatizando que estes aprendem melhor com as experiências da realidade. Explorar o mundo ao vivo e sem telas melhora a coordenação e a visão desses bebês, sendo essencial que bebês aprendam conceitos enquanto interagem com pessoas e objetos reais”, diz trecho da justificativa apresentada pelo deputado junto ao projeto de lei.

O contato de crianças com equipamentos eletrônicos tem sido cada vez mais precoce, muitas vezes como alternativa usada pelos pais e/responsáveis para distraí-las. No entanto, esse hábito pode gerar consequências negativas para o desenvolvimento dessas crianças.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os primeiros mil dias de vida são importantes para o desenvolvimento cerebral e mental de qualquer criança. Neste período, diferentes estruturas e regiões cerebrais estão em processo de amadurecimento.

O desenvolvimento precoce da linguagem e das habilidades de comunicação são fundamentais para o desenvolvimento das habilidades cognitivas e sociais. O atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados”, diz trecho do Manual de Orientação #MenosTelas #MaisSaúde, publicado pela SBP.

A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é evitar a exposição de crianças menores de dois anos às telas, por qualquer período de tempo. Para crianças de dois a cinco anos, é recomendado limitar o tempo de exposição a telas a até uma hora por dia, sempre com a supervisão de pais, cuidadores ou responsáveis.

Recomenda-se ainda que crianças de seis a 10 anos tenham um tempo de tela máximo de uma a duas horas por dia, com a supervisão de pais ou responsáveis. Já para adolescentes com idades entre 11 e 18 anos, é aconselhável que tenham um limite de duas a três horas diárias para telas e jogos de videogame, e é essencial evitar que fiquem acordados durante a noite jogando.

Entre as diversas consequências do uso excessivo de telas, a médica oftalmopediatra Giovanna Marchezine aponta algumas geradas à visão. Segundo a profissional, estudos realizados no Japão mostram um crescimento no número de crianças que apresentam miopia precocemente e atingem graus mais elevados na idade adulta.

Já há alguns estudos que comprovam que esses aparelhos eletrônicos usados de perto estimulam o crescimento do comprimento do globo ocular. E a miopia está relacionada com o crescimento do globo ocular. Então, quanto mais esse globo ocular é alongado, maior é o grau da miopia. Isso não é uma regra para todas as crianças, e sim uma facilidade, vamos dizer assim, para crianças que têm uma carga genética, uma pré-disposição a desenvolver esse distúrbio de visão”, explica.

Marchezine afirma ainda que crianças que utilizam telas com frequência estão mais suscetíveis a desenvolver síndrome do olho seco. “São crianças que vão ter com uma certa frequência olhos mais vermelhos, irritabilidade nos olhos”.

Ela lembra ainda que não é recomendado a utilização de computadores e aparelhos eletrônicos por um longo período de tempo em escolas.

Diário da Serra

Notícias da editoria