A prática inclui cercamento de áreas de preservação e plantio de mudas, criando um modelo eficiente para o ecossistema
Iniciativas que melhoram a qualidade da água e a sustentabilidade das propriedades. Os incentivos financeiros impulsionam produtores rurais nos processos de reflorestamento e conservação. A prática inclui cercamento de áreas de preservação e plantio de mudas, criando um modelo eficiente para o ecossistema.
O produtor rural Manoel Barbosa, mora há mais de 50 anos em sua propriedade de oito hectares e meio, localizada em Tangará da Serra. O sítio, antes atuava na atividade agrícola e na criação de gado. Ao longo dos anos, o proprietário se deparou com uma área desmatada na qual passa o braço do córrego que abastece a cidade com água.
Ele conta que em 2005 resolveu mudar essa realidade e iniciou o processo de reflorestamento com o apoio da Prefeitura de Tangará da Serra.
Dezenove anos depois, a área se transformou em uma pequena floresta.
“Tem uns 15 anos que o gado não entra mais aqui dentro dessa reserva. A área preservada deve dar um total de seis mil metros quadrados de vegetação nativa”,
conta.
Programa garante recompensa financeira - Há cerca de cinco anos, seo Manoel e mais 14 produtores rurais se juntaram ao programa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente do município. A área de preservação permanente (APP) foi cercada e agora recebem uma compensação financeira anual para preservar o local com serviços ambientais, zelando do local.
“Já faz uns 6 ou 8 anos que recebemos. Ano passado foi R$800,00 e este ano pagou um pouco atrasado, R$1.300,00”,
afirma.
Em 2016 e 2019, a cidade enfrentou uma escassez de água e foi necessário racionar o abastecimento. Dessa forma, surgiu o projeto de recuperação da bacia do Rio Queima-Pé, córrego que abastece o município.
O valor pago aos produtores que preservam áreas de nascentes e margens de córregos é recolhido mensalmente na conta de água dos moradores e cobrado uma taxa de 1,5% sobre o consumo. Essa medida se tornou crucial após a crise hídrica.
Gabriel Neia Eberhardt, biólogo e servidor público, faz parte da equipe que implantou o projeto no rio.
“O produtor interessado em aderir ao projeto vem até nós. Fazemos o levantamento da propriedade, avaliamos a necessidade de cercar a área do gado, identificamos as áreas degradadas, realizamos o plantio, controlamos formigas, fazemos a adubação e a roçagem para restabelecer a vegetação nativa”,
explica.
O trabalho de recuperação das margens do córrego segue até os dias atuais com o acompanhamento contínuo de profissionais como o do engenheiro florestal, Leonardo Fialho. Ele fiscaliza as áreas que recebem mudas para recompor a mata ciliar.
“Trabalhamos em parceria com o produtor. Realizamos todo o processo inicial e o produtor dá a manutenção. Acompanhamos por um período de pelo menos 3 anos para ajudar ele, que às vezes não tem conhecimento ou tem dificuldade em fazer a manutenção correta”,
comenta Leonardo.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Vinícius Lançone, afirma que o trabalho de recuperação já mostra resultados, melhorando a quantidade e a qualidade da água destinada à estação de tratamento da cidade.
Além do córrego Queima-Pé, outros cursos da água no município devem receber atenção com os recursos recolhidos da população.