Ela foi professora dedicada, mãe exemplar e orgulho para toda a família
Em 22 de junho de 1985 nascia Edvania Maria da Silva Tavares, em Salvador, capital da Bahia. Filha de Maria Nelson da Silva e Onofre Carlota da Silva, ela teve quatro irmãos: Erica Maria da Silva, Eliana Maria da Silva, Edna Maria da Silva e Evodio Carlota da Silva. Foi casada com Frank da Silva Tavares com quem teve três filhos: Samuel da Silva Tavares, Pedro da Silva Tavares e Enzo da Silva Tavares.
Edvania é a segunda filha do casal Onofre Carlota e Maria Nelson. A mãe conta que ela nasceu em Salvador,
“em um momento em que estávamos passando dificuldade financeira, com o pai desempregado, mas vivemos e conseguimos prosseguir”,
conta.
Quando ela tinha 5 anos de idade, em meio às dificuldades, a família mudou-se para a cidade e Olhos D’água, no estado de Alagoas.
“Lá começamos uma nova vida, também com dificuldades financeiras, mas prosseguimos”,
relata a mãe.
Nesse período, residindo no Nordeste Brasileiro, Edvania era uma menina quieta, mas feliz, lembra Maria Nelson.
“Diante do desemprego viemos para o Mato Grosso morar no Distrito de São Jorge [em Tangará da Serra], quando ela [Edvania] tinha 8 anos de idade, isso foi em 1994, foi uma viagem de cinco dias de ônibus do Alagoas até aqui. O ônibus veio quebrando no caminho todo, foi um desafio, muita luta”,
conta.
A garotinha quieta e sonhadora chegou ao seu novo lar: Tangará da Serra. Aqui ela cresceu, estudou e se realizou. Toda a sua vida estudantil foi na Escola do Campo Ministro Petrônio Portela Nunes, no Distrito de São Jorge.
“Era muito esforçada, tinha dificuldade, mas sempre foi esforçada”,
relata a mãe de Edvania.
Chegou a adolescência e Vaninha, como era chamada pelos familiares e amigos mais íntimos, começou a namorar.
“Ela começou a namorar bem cedo, aos 15 anos, e engravidou aos 17, época difícil, aonde parou de estudar, mas voltou aos 19 anos e finalizou os estudos”,
relembra a mãe.
“Anos depois, com muita garra, persistência e força de vontade, veio sua graduação”,
conta Erica Soares, irmã de Edvania.
“Ela fez a faculdade de forma online, com bastante dificuldade, já que ela já tinha dois filhos pequenos”,
relata a mãe.
Antes de receber a oportunidade de atuar como professora, de ter a sua própria turma, Edvania trabalhou na escola como merendeira e como vigilante. Sempre para manter seus estudos e para ficar perto da vida escolar, sempre aguardando uma oportunidade.
“Até que chegou, e sei bem, o quanto ela se orgulhava por isso”,
conta Erica.
Sempre dedicada, Edvania não parou por aí com os estudos.
“Após isso fez sua pós-graduação, e começou a dar aulas na escola da São Jorge, a mesma em que ela estudou. Sempre foi uma professora dedicada e ativa, comprava os melhores materiais didáticos para atender da melhor forma seus alunos, ela amava o que fazia”,
relembra Maria Nelson.
A irmã lembra que nesse período ela passou por altos e baixos em sua vida.
“Ela teve uma grande perda, seu filho que se chamaria Davi, nasceu prematuramente quando a gravidez estava em 25 semanas, mas ele não resistiu ao trabalho de parto, e veio ao mundo como natimorto. Uma grande tristeza para ela e toda família”,
conta Erica.
“Ela perdeu o brilho nos olhos por um tempo, mas ela sempre foi uma mulher de muita fé e acreditava que Deus a abençoaria com outro filho”.
E de fato, no dia 19 de janeiro de 2018, veio teste positivo de gravidez. Daí nasceria o pequeno Enzo, terceiro filho de Edvania.
Apesar dos desafios, da vida precoce e das responsabilidades profissionais como professora, Edvania se transformou numa mulher sempre dedicada a família e a comunidade onde vivia.
“Ela amava a família, amava estar em comunhão, muito prestativa e presente na família, amava muito ser mãe, dedicadíssima com os filhos, e era uma ótima esposa”,
relata a mãe.
“Ela amava essa foto”,
conta Erica, irmã de Edvania, mostrando uma das fotografias favoritas de Edvania, com toda a família reunida.
“Ela amava registrar os momentos”.
Deus, o marido e os filhos eram as coisas mais importantes na vida de Edvania.
“Era uma menina doce, que amava ajudar as pessoas, sempre calma e justa, ela era uma pessoa justa e bondosa, sempre preocupada com os outros”,
conta, lembrando que a filha amava jogar futebol, gostava muito de dançar e de dar boas risadas.
“O batismo nas águas era algo de extrema valia e orgulho para ela”,
conta Erica.
“Ela amava passeios e comemorações”.
“Sempre disposta a ajudar, conselheira, amiga, bondosa. Tinha uma célula aonde se falava da Bíblia, as pessoas iam na casa dela, e lá era pregado a palavra de Deus por algumas pessoas de uma igreja de Tangará. E ela também abriu uma célula de crianças em que ela ministrava a palavra para elas”,
diz Maria Nelson, orgulhosa.
Erica mostra a última foto que recebeu dela, em março de 2021.
“Ela estava organizando uma rifa dos seus tapetes. Ela era uma artesã de incrível. Assim como mãe, irmã, esposa, filha, professora e filha do Senhor”.
Edvania faleceu jovem, com apenas 35 anos, com complicações causadas pela Covid-19, doença que matou 402 pessoas em Tangará da Serra. Os familiares contam que ela contraiu a doença, se sentia mal, mas os testes não detectavam o vírus em seu organismo.
“Infelizmente os primeiros testes davam negativo, e acabou agravando”,
conta a mãe de Edvania, Maria Nelson.
Edvania começou a ter os primeiros sintomas da doença por volta do dia 04 de abril de 2021. No dia 12 do mesmo mês os sintomas se agravaram.
“Até dia 15 foram feitos três testes e só aí deu positivo”,
lembra a mãe.
No mesmo dia Edvania foi internada e em 19 de abril ela foi entubada. Seu quadro de saúde ainda melhorou e parecia se estabilizar após seis dias da entubação.
“[Os profissionais de saúde] começaram a retirar os sedativos dela e os aparelhos, mas aí ela teve uma infecção de urina e no dia 07 de maio teve duas paradas cardíacas”,
relembram os familiares. A primeira parada cardíaca ocorreu às 2 horas da madrugada, Edvania foi reanimada, mas teve outra parada às 5 horas da manhã e não resistiu, indo a óbito.
“Ela não tinha nenhuma doença pré existente, era saudável”,
conta a família.
Edvania deixou três filhos, sendo que na época de sua morte o mais novo, Enzo, tinha apenas 2 anos e 8 meses, Samuel tinha 12 e Pedro 17 anos.
No dia 30 de dezembro de 2022, por meio do Decreto N° 511/2022, o prefeito municipal, Vander Masson, e o secretário municipal de Educação, Vagner Constantino Guimarães, decretaram a criação da unidade escolar com a denominação de Centro Municipal de Ensino Professora Edvania Tavares, localizada na Rua Santa Catarina, s/nº, no Distrito de São Jorge.
A mãe, Maria Nelson, diz se sentir honrada pela nomeação da escola, que atualmente funciona exatamente no mesmo local em que Edvania estudou desde criança, trabalhou e se dedicou a vida inteira.
“Uma homenagem justa. Acredito que por ela ter sido uma professora muito dedicada, que amava o que fazia, que amava ser professora, ensinar as crianças, não fazia simplesmente pelo dinheiro, mas porque amava o que fazia”.