Empresário defende a produção maior de combustível sustentável e o uso do biodiesel e do etanol de milho como combustível de aviação
Com uma crescente produção de etanol de milho e de biodiesel e com a instalação da primeira indústria de biometano em Mato Grosso, o Estado tem cada vez mais se tornado uma potência na produção de biocombustíveis para substituir os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – que, segundo especialistas, devem ser cada vez menos usados.
O agrônomo e empresário Ricardo Arioli afirma que esse potencial representa o futuro do mercado de aviação e de máquinas agrícolas e precisa ser cada vez mais explorado.
“Estamos sentados em cima de um pré-sal de biocombustíveis”,
afirma.
O produtor questiona o consumo interno dos combustíveis fósseis em setores que o biocombustível já deveria estar em uso.
“Por que nós estamos trazendo o diesel de fora, de caminhão lá de São Paulo para levar a matéria-prima de baixo valor agregado, que é o nosso grão de soja ou de milho. Temos que usar mais o biodiesel aqui. Precisa de soja para fazer biodiesel? Nós somos os maiores produtores de soja. Precisa de milho para fazer etanol? Nós somos o maior produtor de milho do Brasil. Então vamos agregar valor”,
critica.
Conforme explica o especialista, a produção de biodiesel não só diminui a dependência de combustíveis fósseis de outros países, como aumenta a oferta de farelo de soja no mercado interno. O produto é usado na fabricação de rações, o que pode impactar nos custos de produção de proteínas animais.
“É toda uma cadeia econômica desenvolvida com a produção do biocombustível”,
diz.
Mato Grosso ocupa a segunda colocação em volume de produção de biodiesel e primeiro em quantidade de usinas. A crescente produção agrícola trouxe disponibilidade de matérias-primas para a produção deste biocombustível como soja, algodão, sebo bovino, entre outros. Atualmente, há no Estado 16 usinas de biodiesel que têm capacidade autorizada de produção anual de 2,8 bilhões de litros.
O Estado também se tornou esse ano o segundo maior produtor de etanol graças ao etanol de milho, estando atrás apenas de São Paulo. Arioli afirma que esse cenário, tanto do biodiesel, quanto do etanol de milho, tem um grande potencial para abastecer o setor da aviação e que Mato Grosso pode entrar como peça chave. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) tem a meta de zerar emissões de carbono na aviação até a metade deste século. O maior desafio do setor é garantir um fornecimento suficiente de Combustível Sustentável para Aviação (SAF), por causa dos altos custos e do crescimento lento da produção. É nesse contexto que o Brasil, e especialmente Mato Grosso, entra como grande potência.
Outro grande potencial de biocombustível é o biometano, produzido a partir de resíduos industriais, agropecuários e urbanos, que pode substituir o diesel nas máquinas agrícolas. Mato Grosso deverá ter a primeira fábrica de biometano e biogás ainda este ano. Uma planta industrial já está em construção no município de Nova Olímpia, com previsão de entrar em operação em 2024.
“Está apenas começando. Acredito que vamos ouvir falar muito do biometano em Mato Grosso ainda”,
conclui Ricardo Arioli.