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19 DE ABRIL - No Dia dos Povos Originários, a trajetória de Nilce ZonizoKemairô inspira a luta por uma educação com identidade

Séfora Zambrini / Estágio de Jornalismo 19/04/2025 Educação

Educadora Haliti-Paresi e primeira professora indígena de Tangará da Serra, Nilce dedica mais de três décadas à valorização da cultura e ao fortalecimento da educação escolar indígena

Educação

Neste sábado, dia 19 de abril, celebramos o Dia dos Povos Indígenas, uma data de grande importância porque celebra a diversidade cultural dos povos indígenas no Brasil, além de contribuir para a preservação da cultura e da história desses povos. Essa data serve ainda como momento de reflexão sobre a luta contra o preconceito contra os indígenas e pela manutenção de seus direitos.

Para marcar a data, uma história que inspira a luta por uma educação com identidade. A trajetória da Haliti-Paresi, Nilce ZonizoKemairô é de importância na história da educação indígena em Tangará da Serra. Primeira mulher indígena a atuar como professora no município, ela soma 32 anos dedicados à formação de crianças e jovens das comunidades tradicionais. Hoje, coordena a Educação Escolar Indígena na Secretaria Municipal de Educação, acompanhando 36 professores em 20 escolas da região.

Nilce começou a lecionar em 1993, indicada pelo cacique da Aldeia Rio Verde para substituir um professor. Sem formação pedagógica, iniciou com coragem e vontade de aprender. Desde então, buscou conhecimento: cursou Magistério Intercultural Indígena, formou-se em Ciências Sociais com habilitação em História, fez pós-graduação em Educação Escolar Indígena e foi aprovada no mestrado intercultural da Unemat.

Apesar de morar na cidade para facilitar seu trabalho, Nilce mantém os laços com a aldeia. “Todo final de semana estou com a minha família”, diz.

No entanto, ela aponta desafios como a falta de legislação municipal específica para a educação indígena e dificuldades logísticas que comprometem o trabalho nas escolas. “Muitas vezes, não conseguimos atingir nem 50% do que precisa ser feito”, lamenta.

Nilce defende a valorização da identidade e cultura indígena nas escolas, com ensino da língua materna, história e rituais. Também cobra das autoridades leis que fortaleçam a educação indígena. “Os governantes têm que fazer sua parte.”

Enfrentando preconceitos, inclusive por ser mulher em posição de liderança, Nilce segue firme: “Mostro que estou aqui para fazer o melhor pela educação indígena. Não é isso que vai me fazer desistir.” Seu legado é de resistência, coragem e amor à cultura.



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