Além do container, o projeto realizará a contratação de um veterinário para os atendimentos
Bandeira empunhada em defesa da causa animal pelo, há época, vereador Eduardo Sanches e uma realidade em Tangará da Serra, o CastraMóvel infelizmente não disse a que veio até esse momento.
O assunto voltou a ser pauta quando o vereador Nilton Dalla Pria fez uma publicação em suas redes sociais, onde mostrava uma matilha na Praça Central e reclamava da situação.
“Esse Castramóvel precisa ser colocado para funcionar logo”,
disse o parlamentar que foi interpelado pela presidente do Projeto Abana, responsável pelo Castramóvel, Kelly Becker.
“Só vocês liberarem de forma ininterrupta que a gente resolve essa questão! Se não tem dinheiro não tem castração! O que achas de destinar um pouco da sua emenda para a causa? Porque se tem alguém que pode fazer alguma coisa, é a Câmara”,
rebateu Becker.
O debate se estabeleceu e de acordo com Kelly está longe de se finalizar. O fato é que o veículo se encontra parado por falta de adequações específicas, necessárias às cirurgias.
“Hoje ele não está sendo utilizado”,
afirma Kelly ao explicar que sua utilização não foi possível até o momento por diversos fatores.
“Para que a gente possa utilizar essa unidade é preciso que a gente tenha um veterinário que assine pela responsabilidade técnica dessa unidade e isso tem que ser aprovado junto ao Conselho Regional de Veterinária (CRV). Precisamos de equipamentos que deem suporte para essas cirurgias e também não temos”,
informa a responsável ao pontuar que com isso, a solução encontrada foi o credenciamento junto a três clínicas no município, onde 792 castrações foram realizadas com Emendas Impositivas dos vereadores Sebastian Ramos, Eduardo Sanches e Elaine Antunes (há época vereadores).
Cabe salientar que as emendas são destinadas em um ano e liberadas em outro, como aconteceu com as destinadas ao projeto. Destinadas em 2023, recebidas e utilizadas em 2024.
Outro fator de emperramento da não utilização é que o CRV, exige que ao serem castrados, os animais tenham um local para permanecerem até o final da anestesia.
Buscando realizar essas adequações, o projeto voltou à Câmara Municipal em busca de apoio financeiro.
“Estive lá e apresentei os números de castrações e outras informações, e solicitei a destinação de verbas que consegui somente através da vereadora Dona Neide de R$ 71 mil reais”,
conta Becker ao relatar que os demais vereadores já haviam destinado suas emendas.
“Essa emenda da Dona Neide será empregada na compra de um container no qual empregaremos em torno de 100 mil. Ainda falta uma parte do valor e teremos que correr atrás do restante para que eu possa colocar o Castramóvel na posição e no local que foi cedido para essa montagem e fazer a ligação de água e energia”,
explica.
Por esses motivos, em 2025 até o momento foram realizadas cerca de 50 castrações com restante de emendas dos vereadores da outra legislatura.
“Precisamos que essas duas coisas andem juntas (container e Castramóvel equipado), para que possamos retomar as castrações na cidade que estão paralisadas porque toda a verba que tínhamos disponível nós utilizamos”.
Além da compra do container, o projeto realizará a contratação de um veterinário para os atendimentos.
Durante a entrevista a presidente do Projeto Abana, responsável pelo Castramóvel, Kelly Becker faz questão de explicar que com as castrações já realizadas, um número grande de outros animais deixarão de nascer.
Outro ponto ressaltado por Kelly é de que castrações em cães de rua não deverão ocorrer no município.
“Não temos como fazer isso porque precisamos que esse animal esteja em condições boas de saúde, e isso em um cão de rua é difícil. Que ele seja acompanhado depois com remédios para sua recuperação e também alguém que o adote, não vamos castrar para devolver esse animal às ruas. Isso é desumano”,
destaca. Além disso, o animal sendo chipado necessita de um tutor para ser acionado em caso de fuga ou perda de seu tutor.
No que tange a implantação de um abrigo no município, a presidente diz que a possibilidade é quase que impossível.
“Não apresentamos esse projeto e nem temos a intenção de apresentar, porque diante da demanda que Tangará da Serra tem, absolutamente nenhuma ONG dará conta de administrar um abrigo sem haver uma política pública de manutenção”, pontua. “Não adianta abrir um abrigo e não conseguir manter”,
ressalta ao frisar que somente em sua casa tem oito animais resgatados.
“Construir um abrigo é o menor dos problemas, manter é que é o caso. Todo abrigo está sempre mendigando para a população e pedindo ajuda”,
reforça.
“Nada garante que esse animal entra em uma base e sai logo. Temos animais que estão conosco há quatro anos. Como exemplo o Pit Bull que resgatamos que desde então está conosco”
lembra a tutora.
“As pessoas pegam o filhotinho, cuidam, ele cresce, ele deixa o portão aberto vai dar uma voltinha e some, muda e deixa no imóvel. A gente recebe um monte de denúncias assim”,
relata.
Cobra um trabalho de educação nas escolas e punição para quem comete esse tipo de crime.
“As pessoas precisam começar a ser responsabilizadas”.
Para os restantes dos sete meses do ano de 2025, o Abana aguarda a liberação de emendas do ano passado no valor de R$ 320 mil que ajudará na adequação do Castramóvel e do Container para dar seguimento nas castrações. O projeto pleiteou e aguarda a resposta de R$ 120 mil de um fundo destinado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmea) que será utilizado em resgate de animais.
“Esperamos retomar os trabalhos em agosto, com estimativa de castrar 320 animais”.
Becker pontua ações que os poderes Executivo e Legislativo deveriam adotar.
“Volto a frisar que se alguém pode fazer alguma coisa, são os vereadores. Se cada um deles destinar 30 mil das emendas, todos os anos teremos um montante que conseguimos fazer um planejamento contínuo e castração quase mil animais”,
revela.
“Já o Executivo deveria incorporar políticas públicas de resgate animal e bem-estar animal dentro da Secretaria de Meio Ambiente, que atualmente trata mais especificamente de animais de grande porte, e isso tem de vir no plano de governo”.
A presidente ainda lembrou que a população também é responsável e tem meios de ajudar.